Parte dos donativos provenientes da Renúncia da Quaresma, realizada nas paróquias da Diocese de Viana do Castelo, vão ser aplicados no restauro da cela do beato Bartolomeu dos Mártires que deverá ser declarado santo ainda este ano.
Em causa está uma prática realizada durante os 40 dias da Quaresma em que os fiéis abdicam da compra de bens reservando o dinheiro para projetos definidos pelo bispo da respetiva diocese.
Este ano, e de acordo com a mensagem do bispo de Viana do Castelo para a vivência da Quaresma de 2016, Anacleto Oliveira, destinou parte daqueles donativos para o projeto de recuperação da cela, situada no convento de São Domingos, onde o beato Bartolomeu dos Mártires viveu os últimos oito anos da sua vida.
Em fevereiro passado, o papa Francisco autorizou a canonização sem a atribuição de um milagre ao futuro santo.
Na mensagem dirigida o mês passado aos fiéis da diocese, Anacleto Oliveira explicou que a “cela foi entretanto adaptada a local de oração, para assim ajudar a refletir, diante de Deus, sobre as maravilhas que operou por meio dele e o tornaram modelo de fé e prática cristã, designadamente na vivência da misericórdia”.
“A isto acresce o facto de, neste ano pastoral, comemorarmos os 425 anos da sua morte, na expetativa da sua canonização para muto breve”, lê-se na mensagem de Anacleto Oliveira para justificar a decisão, após consulta ao Conselho Presbiteral, de destinar parte da Renúncia Quaresmal àquele projeto.
A autorização papal de fevereiro passado permite, após o cumprimento de alguns procedimentos, “a conclusão do processo de canonização e a declaração pública da santidade de Bartolomeu dos Mártires, antigo arcebispo de Braga e figura de referência do Concílio de Trento (1545-1563)”, indicou a mesma nota.
Bartolomeu dos Mártires foi declarado venerável, a 23 de março de 1845, pelo papa Gregório XVI e beato, a 04 de novembro de 2001, pelo papa João Paulo II.
Frei Bartolomeu dos Mártires nasceu em Lisboa, em maio de 1514, e entrou na Ordem Dominicana em 11 de novembro de 1528, tendo sido eleito arcebispo de Braga em 1559. Morreu em Viana do Castelo a 16 de julho de 1590.
Em Viana do Castelo ficou conhecido por ter mandado construir o Convento de Santa Cruz – depois designado de São Domingos, tal como a igreja contígua – mas sobretudo pela sua dedicação aos pobres. Renunciou como arcebispo em 23 de fevereiro de 1582 e recolheu-se no convento que mandou construir em Viana do Castelo, onde morreu a 16 de julho de 1590.
Foi sempre apelidado pelo povo como o “arcebispo santo, pai dos pobres e dos enfermos” e insistiu, em vida, na deposição dos seus restos mortais naquele convento, numa altura em que a diocese local ainda não existia, sendo liderada por Braga.
Além da recuperação da cela do futuro Santo, os donativos recolhidos durante a Quaresma vão ainda ser aplicados “na construção de um edifício, na Republica Democrática do Congo, para acolhimento e formação de candidatos ao sacerdócio”.
“É uma comunidade que já existe mas em condições habitacionais muito precárias”, sustentou o sacerdote.
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