É estruturalmente humana a necessidade do envolvimento em rituais que evoquem acontecimentos únicos para um povo, que sejam consensualmente importantes para os seres humanos ou historicamente significativos para uma crença religiosa.
É transversal a todas as culturas a vontade comunitária em participar ativamente no bordado de retalhos de momentos singulares, especiais por serem vivenciados de forma diferente, e que se cosem numa manta enorme representativa da identidade desse grupo de humanos.
Assinalar eventos é um ato humanamente importante, separando-se o trigo do joio, ou seja, evitando que se transformem em datas meramente obrigatórias e associadas ao consumo desmesurado, e aqui está a principal diferença em sentir genuinamente o momento ou vive-lo futilmente.
Nos povos tribais, e em várias culturas orientais e de países em desenvolvimento a essência dos rituais tem primazia, o que se traduz em sensações profundas e satisfatórias a nível pessoal. Nos povos ocidentais ou ocidentalizados o barulho das luzes ofusca o real significado de muitos atos comemorados.
O Natal assume um apogeu na religião cristã: o desânimo pelos dias difíceis é esquecido e renova-se a esperança na felicidade, pelo nascimento do Menino Jesus, mensageiro da paz e do amor solidário entre os Homens.
Para os não crentes, gera-se uma vontade de mudar para melhor, uma evolução pessoal positiva.
Esse renascimento cíclico imprime um significado ecuménico ao Natal.
A esperança persiste teimosa, como semente de erva daninha sobrevivente em terrenos mais agrestes, mesmo quando o mundo em sentido lato ou restrito parece desabar.
Esperança recém-nascida em dias melhores…
Bom Natal.