O reitor da Universidade do Minho, Rui Vieira de Castro, admitiu hoje à Lusa que a investigação aos Serviços de Ação Social daquela academia estará relacionada “com processos de aquisição de bens”.
“A documentação e os equipamentos informáticos apreendidos pela Polícia Judiciária (PJ) permitem induzir que em causa estarão processo de aquisição de bens, mas vamos aguardar pelos resultados das diligências em curso para depois tirarmos as consequências que se imponham”, referiu.
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Na quinta-feira, a Polícia Judiciária fez buscas na Universidade do Minho, numa investigação relacionada com a anterior gestão dos Serviços de Ação Social, disseram à Lusa fontes policiais e daquela academia.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), as buscas inserem-se num inquérito em que se investigam factos suscetíveis de integrarem, designadamente, o crime de peculato.
De acordo com o Código Penal, incorre em peculato “o funcionário que ilegitimamente se apropriar, em proveito próprio ou de outra pessoa, de dinheiro ou qualquer coisa móvel ou imóvel ou animal que lhe tenha sido entregue, esteja na sua posse ou lhe seja acessível em razão das suas funções”.
A PGR acrescentou que o inquérito não tem arguidos constituídos.
À Lusa, o reitor da Universidade do Minho manifestou-se “surpreendido” com as buscas de quinta-feira, sublinhando que não tinha antecipado a existência “de problemas desta natureza”.
Acrescentou que os Serviços de Ação Social e a Universidade prestaram “toda a colaboração” que lhes foi solicitada pelas autoridades.
“A Universidade do Minho orienta a sua atividade, em todas as suas esferas de atuação, pelo cumprimento da lei. Neste sentido, empenhar-se-á em apoiar o trabalho das autoridades de investigação e inspeção, sempre que tal princípio possa estar em causa, comprometida que está com a legalidade dos procedimentos administrativos e financeiros”, refere um comunicado da academia.
Remata dizendo que a universidade aguarda os resultados das diligências que estão a ser conduzidas pelas autoridades judiciais e deles retirará as consequências que se imponham, “defendendo intransigentemente o primado da lei”.
O anterior administrador dos Serviços de Ação Social da Universidade do Minho, Carlos Silva, disse hoje à Lusa que foi ele mesmo quem entregou um processo no Ministério Público, que terá estado na base das buscas.
“Entreguei processo no Ministério Público, mas não posso dizer mais nada”, adiantou.
Carlos Silva foi administrador dos Serviços de Ação Social desde 1996, cargo que abandonou em outubro de 2017, sendo atualmente administrador executivo da InvestBraga, agência de desenvolvimento económico da Câmara de Braga.