Registos escritos de antigos barbeiros retratam em vídeo cultura de Monção

‘Cultura (des)confinada’
Registos escritos de antigos barbeiros retratam em vídeo cultura de monção

Histórias escritas num caderno de contas por pai e filho, ambos barbeiros em Monção, deram origem a cinco vídeos sobre a sociedade local, entre final do século XIX e meados do século XX, integrados num projeto municipal hoje divulgado.

Em causa está o projeto “Cultura (des)confinada”, que aborda o património, natural e construído, as lendas e curiosidades da época e que visa “reprogramar a cultura do concelho para o formato digital, com o objetivo de continuar a proporcionar conhecimento, arte e informação”.

Em comunicado hoje enviado à Lusa, o município explicou que os “vídeos retratam o cenário de uma barbearia, com duas personagens (Ilídio de Castro e Ricardo de Campos), dando corpo aos escritos dos dois barbeiros, pai e filho, que passavam para o papel, com regularidade, os apontamentos da vida social e cultural de Monção, desde finais do século XIX até meados do século XX”.

“António Sá Vieira (1857 – 1938) e Clemente Vieira (1897 – 1979) aliavam o corte de cabelo e aparo da barba com a venda de jornais, transformando a barbearia num espaço muito procurado, onde a informação, o comentário e o debate sobre uma multiplicidade de assuntos, do mais fútil ou mais importante, constituía o dia-a-dia daquele estabelecimento comercial, situado em pleno centro histórico da vila”, conta o município.

A iniciativa é apresentada semanalmente, através de uma programação regular na rede social Facebook. São seis séries diferentes, com cinco episódios cada uma, cuja publicação decorre entre hoje e domingo.

Os “escritos de pai e filho foram guardados por Clemente Lira Vieira, filho e neto, também já falecido, tendo sido compilados no livro Cadernos de contas de um barbeiro – Memórias de Monção, de Ernesto Português, publicado em 2010”.

Segundo o autor, “nestes cadernos manuscritos o leitor é conduzido pela curiosidade, ética e perspicácia dos autores que, durante várias décadas, investiram um olhar coletivo sobre a sociedade monçanense e o desenvolvimento da sua terra”.

Entre os vários apontamentos, no caderno constam “acontecimentos centrais da vila de Monção como a edificação do Palácio da Brejoeira, a chegada do comboio ou o desmantelamento das muralhas para a construção das novas vias rodoviárias”.

A “festa da Coca ou da Senhora das Dores, as agruras dos monçanenses na primeira Guerra Mundial, os primórdios do contrabando com a Galiza, onde pereceram muitos monçanenses, afogados no rio Minho ou mortos pelos carabineiros galegos”, estão também entre as referências dos dois barbeiros.

“Trata-se de uma encruzilhada virtual onde ninguém se perde e todos se encontram, proporcionando, a cada passo, um enriquecimento pessoal com o que vemos e o que sentimos. No fundo, é uma exploração para fazer com todos os sentidos alerta para receber as sensações mais fantásticas e deliciosas”, afirmou o vereador da Cultura, João Oliveira, citado na nota enviada à imprensa.

Após a apresentação, os trabalhos em vídeo ficam disponíveis para visualização no sítio oficial da Câmara de Monção na Internet.

 
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