Referendos em territórios ocupados pela Rússia sem reconhecimento internacional

Política
Referendos em territórios ocupados pela rússia sem reconhecimento internacional

Os referendos em curso nos territórios ocupados ucranianos não terão reconhecimento da comunidade internacional, disse hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, sublinhando que são uma farsa do poder ocupante e ilegítimo russo.

“[Os referendos] não têm nenhum valor. Estes resultados não serão reconhecidos por ninguém”, sublinhou Gomes Cravinho no Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Para o ministro, a “atitude” é de farsa “por parte do poder ilegítimo e ocupante na Ucrânia em partes do território ucraniano”, pelo que “o reconhecimento internacional será nulo”

O ministro disse ainda que é “muito importante que os responsáveis russos deixem de falar de forma irresponsável sobre a utilização de armas nucleares”.

“É absolutamente incogitável a utilização de armas nucleares e devem abandonar este tipo de ameaça que, aliás, não intimida”, afirmou.

“Em relação à escalada [do conflito na Ucrânia], eu creio que seria importante a Rússia procurar uma saída para a situação que criou. Todos já perceberam que a Rússia não vai ganhar esta guerra, logo é preciso encontrar uma maneira de sair da situação que criou e isto, obviamente, tem de começar pela retirada do território ucraniano”, declarou.

João Gomes Cravinho falou aos jornalistas no final da cerimónia de lançamento pelos CTT de um selo solidário com o povo ucraniano, em Lisboa. As verbas angariadas com o selo serão revertidas para ações a favor da Ucrânia.

Os referendos sobre a adesão à Federação russa dos territórios ucranianos ocupados de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson terminam hoje, segundo as autoridades pró-russas.

Os parlamentos das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, reconhecidas pelo Kremlin a 21 de fevereiro passado, convocaram um referendo de integração na Rússia entre 23 e 27 de setembro, ao qual se juntaram as regiões de Kherson e Zaporijia, parcialmente sob domínio russo.

O anúncio oficial de realização dessas consultas populares para anexação dos territórios ucranianos sob ocupação russa foi feito num discurso à nação proferido na quarta-feira pelo Presidente russo, Vladimir Putin, juntamente com o da mobilização de 300.000 reservistas russos para combater na Ucrânia e de uma ameaça velada de utilização de armas nucleares contra o Ocidente.

A convocação destas consultas populares nos territórios ocupados pelas forças russas segue-se ao referendo de adesão à Rússia realizado em 2014 pelas autoridades russófonas na Crimeia e cujo resultado legitimou a anexação da península por Moscovo.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas — mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa — justificada por Putin com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.916 civis mortos e 8.616 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

 
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