Redes de pesca velhas? Nasceu no Minho um projeto que vai transformá-las em roupa sustentável

Projeto pioneiro liderado pela famalicense TMG
Redes de pesca velhas? Nasceu no minho um projeto que vai transformá-las em roupa sustentável
Foto: DR

O Vertical Têxteis do Pacto da Bioeconomia Azul (PBA), projeto liderado pela famalicense TMG Textiles, promete “revolucionar” o setor da indústria têxtil com um projeto que transforma redes de pesca inutilizadas em vestuário e calçado.

O mesmo projeto, hoje divulgado, desenvolveu conhecimento que permite tingir os têxteis utilizando pigmentos de origem natural extraídos a partir de algas.

Com foco na “sustentabilidade e circularidade”, este projeto “pioneiro” está a desenvolver “fibras e têxteis derivados de redes de pesca descartadas, revolucionando materiais e processos produtivos”.

O objetivo é que as estruturas têxteis a produzir sejam incorporadas numa nova geração de peças de vestuário e calçado, sobretudo, ligada ao mar (‘beachwear’) e à prática desportiva (‘activewear’).

Redes de pesca velhas? Nasceu no minho um projeto que vai transformá-las em roupa sustentável
Foto: Vertical Têxteis

De acordo com os investigadores, “as redes de pesca descartadas são a principal fonte de contaminação plástica nos oceanos, ameaçando 66% dos animais marinhos”. Com esta iniciativa, não só é possível “reduzir a utilização de materiais de origem fóssil na produção dos têxteis, mas também contribuir para a despoluição dos oceanos e da costa marítima”.

Algas para tingir malhas

Outra das novidades desta investigação passa pela utilização de biomassa de algas e dos seus extratos em processos de tingimento de malhas e tecidos. Uma inovação que permitirá “substituir corantes e produtos sintéticos e, ainda, aproveitar as propriedades funcionais existentes nestes recursos”.

Redes de pesca velhas? Nasceu no minho um projeto que vai transformá-las em roupa sustentável
Foto: Vertical Têxteis

“A biomassa e os extratos de algas possuem um enorme potencial de aplicação na ITV devido à sua composição rica em pigmentos. Além disso, são ricos em compostos que possuem diversas funcionalidades, tais como antioxidante, antibacteriana, anti inflamatória, anti UV, fluorescência, entre outras”, revelam os cientistas, citados em comunicado.

E acrescentam: “Os produtos finais serão diferenciadores, uma vez que são poucos os produtos têxteis com incorporação de algas, seja pela aditivação de fibras ou por tingimento/acabamento, existentes no mercado nacional”.

Em comunicado, o projeto Vertical Têxteis diz que o potencial das microalgas está, ainda, a ser explorado ao nível do tratamento de efluentes “provenientes dos processos têxteis, tirando partido do seu potencial de valorização e de reutilização e diminuindo a pegada desta indústria altamente contaminante dos recursos hídricos”.

“Revolução verde”

Ainda segundo os cientistas, a Indústria Têxtil e Vestuário (ITV) é “uma das indústrias mais poluentes do mundo, responsável por cerca de 20% da poluição global de água limpa, sobretudo, devido aos produtos usados nas etapas de tingimento e acabamento”.

Esta iniciativa ‘made in’ Portugal destaca-se, assim, pela implementação de métodos “ecológicos de tingimento e acabamento funcional, reduzindo a pegada ambiental da produção têxtil e alinhando-se com as metas globais de descarbonização”.

Além disso, promove um “novo paradigma na bioeconomia azul, fortalecendo a interseção entre tecnologia, inovação e responsabilidade ambiental”.

Reafirma, ainda, o “compromisso de Portugal com a sustentabilidade e posiciona a ITV na vanguarda da revolução verde”. Através do desenvolvimento de materiais regenerativos, o PBA – Vertical Têxteis promove um “setor mais limpo e eficiente e contribui para um futuro mais equilibrado entre a produção e a preservação dos ecossistemas marinhos”.

Projeto liderado pela TMG Textiles

O Vertical Têxteis (Work Package 3) – liderado pela empresa TMG Textiles – é uma das sete verticais da Agenda Mobilizadora PBA.

Fazem parte do consórcio do Vertical Têxtil diversas entidades ligadas aos sistemas empresarial, tecnológico e científico, nomeadamente: A4F, CeNTI – Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes, CITEVE, DOCAPESCA, Fibrenamics, FITEXAR, GPSA Têxteis, HATA, LUSÁGUA, MGC – Acabamentos Têxteis, PIEP – Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros, SIRPLASTE, SKIZO, Tintex Textiles, TMG Textiles, Universidade do Algarve e Universidade do Minho (2C2T – Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil e CEB – Centro de Engenharia Biológica).

A Agenda Mobilizadora Pacto da Bioeconomia Azul (PBA) – na qual este Vertical Têxtil está integrado – procura estimular a criação de novos produtos, processos e serviços resultantes da incorporação de bens da bioeconomia azul. O consórcio deste projeto, que reúne 83 entidades nacionais e é liderado pela empresa Inovamar, procura “encontrar no mar uma resposta à escassez global de recursos terrestres”.

Foi desenvolvido no contexto da plataforma Blue Bioeconomy Hub, promovida através da Fundação Oceano Azul e Sociedade Francisco Manuel dos Santos, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.

O PBA é financiado pelo Plano Europeu de Recuperação e Resiliência (PRR) da Comissão Europeia.

 
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