Jaswant Dev Shrestha não é um nome fácil de pronunciar, ou sequer de reter na memória, mas o realizador e ator nepalês prefere ser tratado simplesmente como Jaz, para “facilitar a compreensão”.
Está, por estes dias, por Barcelos, na rodagem de uma série de televisão com cinco episódios onde conta a história da cultura, património, gastronomia e belezas naturais de Portugal, e O MINHO acompanhou parte do processo de produção.
Cada episódio é rodado numa cidade diferente e, para terminar a temporada, Jaz escolheu Barcelos, ou não fosse a localidade onde nasceu o maior símbolo turístico nacional, o famoso galo.
Quem é Jaz?
Antes da conversa, fomos saber um pouco mais sobre Jaz. A viver em Los Angeles e nomeado cinco vezes para os Emmy Awards, como apresentador de uma série chamada Journey with Jaz in Rocky Mountain National Park [2016], como produtor na série Journey with Jaz in Crested Butte [2017], como narrador no documentário Dog Worship Festival [2018] e como realizador no mesmo documentário, também em 2018.
Venceu o prémio de melhor ator no festival Blissfest333, em Denver, nos Estados Unidos, pelo papel no filme The Treason, em 2014. Venceu, também, mais de uma dezena de prémios em festivais internacionais de televisão e cinema.
Foi, também, o primeiro ator nepalês a entrar para o circuito profissional de Hollywood e o primeiro realizador a ser nomeado para um Emmy.
Com este currículo, podia-se esperar uma figura envolta em arrogância, mas Jaz acabou por se revelar o oposto.
À conversa com Jaz
À conversa com O MINHO, dentro do Museu da Olaria, em Barcelos, o nepalês explica que a série que está a produzir segue na linha de outras que receberam as nomeações para o prestigiado prémio internacional. Chamada, novamente, It’s the Journey with Jaz, esta será dedicada em exclusivo a Portugal e tem como produtor o português Carlos Sargedas.
“Estou a filmar em vários países esta nova série e a primeira temporada é em Portugal”, adianta, revelando que já rodou em Évora, Setúbal, Sesimbra, Porto e agora Barcelos, com uma pequena passagem pelo Castelo de Guimarães, “por ser o berço do país”.
A escolha recaiu no nosso país pela paixão que o mesmo adquiriu quando para cá viajou, em férias, há alguns anos.
“Isto é fantástico, já cá estive três vezes e logo na primeira vez apaixonei-me por ser um país tão pequeno mas tão rico em diversidade”, conta.
Sobre Barcelos, ainda não teve oportunidade de ver muito, pois só chegou na quarta-feira à noite, mas está a “adorar” o que tem visto, sobretudo “os galos”. “Mal posso esperar para partilhar as histórias que estão por detrás da arte destes galos”, confessa.
Sobre a série, não pode revelar muito, mas vai adiantando que se trata de uma viagem pela cultura portuguesa sem qualquer roteiro. “Falo com alguns artesãos na série, para explicarem o processo de fabrico do artesanato de Barcelos, mas a série é mais sobre lugares e as pessoas, por isso o guião é alterado a qualquer instante, caso veja algo interessante”, sublinha.
Jaz nunca foi adepto do cinema comercial. Diz mesmo, com um sorriso à mistura, que “se alguém está a criar arte para vender, então isso não é arte”.
“Eu gosto de história, cultura, coisas únicas, e o que sinto, como um contador de histórias, é que se gostares mesmo daquilo que mostras, as pessoas vão conectar-se ao teu trabalho. Eu gosto de criar fórmulas, não de as seguir (risos)”.
Jaz explica, ainda, que, em cada um dos cinco episódios, convidou um realizador local, e em Barcelos não foi exceção. “Eles ajudam-me a explorar o local e a conectar-me com as pessoas e com os lugares”.
E para Barcelos, Jaz escolheu Carlos Araújo, natural de Barcelinhos, e talvez a figura mais destacada do concelho no que a produção televisiva diz respeito.
Carlos Araújo, realizador de Barcelos, orgulhoso pelo convite
Falámos com Carlos, que não escondeu o orgulho de ter cá uma “figura destacada” do cinema a nível internacional. O realizador barcelense explica que o convite foi feito a Carlos Sargedas, que é o produtor desta série em Portugal.
“Conheço o Carlos e quando soube que iam filmar esta série em Portugal, falei-lhe de Barcelos, e ele aceitou na hora”, diz. Sobre a vinda de Jaz, assegura que “é muito importante ter alguém com este currículo a fazer algo na cidade de Barcelos, até porque é a minha cidade e isso enche-me de orgulho”.
“Ele está muito próximo do que é a maior indústria cinematográfica, em Hollywood, e, porque não, outros realizadores podem sentir o apelo e começarem a rodar as suas produções em Barcelos, onde há muito a explorar.
Carlos conta que, no concelho, gravou-se um episódio da telenovela Vila Faia, ainda na década de 80, assim como uma produção francesa, na mesma década, no Mosteiro de Palme.
“Recentemente rodei eu nesse mosteiro uma curta-metragem, mas é preciso dar mais passos no sentido da indústria cinematográfica chegar aos recantos de Barcelos, até porque o cinema é uma arma poderosa para divulgar seja o que for”.
Ainda não há data marcada mas vários canais mostram interesse
Jaz disse a O MINHO que ainda não há data para a transmissão da série, mas há já várias propostas em cima da mesa para comprar os direitos televisivos desta produção. “Não posso avançar nomes de canais mas em breve todos vão ficar a saber”, vinca.
Para saber mais sobre Jaswant Dev Shrestha , pode consultar a biografia no IMDB.