Realidade virtual conta história da construção da principal avenida de Viana

“Tenho a reconstituição, em 3D, da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra tal como ela era no final dos anos 40 e vou contar a história de um projeto que levou 40 anos a ser executado”
Avenida dos Combatentes da Grande Guerra. Foto: Lugar do Real

A história da Avenida dos Combatentes, em Viana do Castelo, considerado o “principal projeto urbano do século XX” na capital do Alto Minho, vai ser apresentada em realidade virtual, no sábado, informou hoje o autor do projeto.

“Tenho a reconstituição, em 3D, da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra tal como ela era no final dos anos 40 e vou contar a história de um projeto que levou 40 anos a ser executado”, disse hoje à agência Lusa Manolo Gulias Rivas.

O docente da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), explicou que a partir da imagem em três dimensões (3D) vai contar como decorreu a construção da avenida entre 1917 e 1920.

“Os primeiros projetos para rasgar uma avenida que ligasse a Estação de Caminhos-de-Ferros à doca datam de 1877. A decisão para abrir a avenida levou 40 anos a ser tomada, mas a estrada, com as dimensões que hoje lhe conhecemos, demorou um ano a ser feita”, sustentou Manolo Gulias Rivas, licenciado em arquitetura e mestrado em Planeamento e Projeto do Ambiente Urbano pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP).

O docente da ESTG especificou que a construção da principal artéria da capital do Alto Minho implicou “a demolição de 80 casas que ficavam a meio do traçado previsto no projeto”.

“As atas municipais de 1919 referem que, por causa da demolição, havia famílias sem casa e houve até uma proposta para fazer um bairro social no Cabedelo, em Darque, que nunca foi feito”, referiu.

O responsável pelo projeto “Viana 3D”, adiantou que a construção da avenida “começou e foi concluída” em 1917, ano em que começaram a “passar carros e pessoas”, num acesso “ainda em terra batida. A pavimentação do piso e a construção dos passeios ficaram prontas em 1920 e, a arborização, em 1926.

A história vai ser apresentada, no sábado, pelas 14:30, no auditório Lima de Carvalho, na sede do IPVC.

Intitulada “Histórias do Desenvolvimento de Viana do Castelo” a ação, promovida pela Assembleia Municipal, em parceria com a Câmara local, terá como palestrantes José Manuel Lopes Cordeiro, docente da Universidade do Minho, em Braga, e o autor do Viana 3D.

A iniciativa marcada para sábado inclui ainda uma visita guiada à cidade, nomeadamente, à avenida e ao tríptico quinhentista da Praça da República.

O Viana 3D pretende analisar e divulgar a estrutura urbana da cidade a partir das tecnologias tridimensionais, ferramentas SIG, ?design’ e urbanismo.

O projeto Viana 3D nasceu em 2006, durante o mestrado do docente e no âmbito da disciplina de arquitetura modernista.

O levantamento dos traçados originais e a identificação de autores e obras do modernismo português em Viana do Castelo traduziu-se na recolha de centenas de projetos arquitetónicos, alguns demolidos, outros que perduram e muitos que nunca chegaram a ser construídos.

A unidade de catalogação e modelação iniciada em 2012, com o apoio dos alunos do curso de Design do Ambiente, modelou em 3D mais de 54 edifícios, entre eles, o antigo mercado municipal onde foi construído ao prédio Coutinho, com demolição prevista desde 2000, ao abrigo do programa Polis.

A investigação resultou na identificação da autoria, até então desconhecida, de muitas das construções que eram afinal assinadas pelos arquitetos de referência do modernismo português.

Dos mais de 54 edifícios modelados, 11 são projetos que nunca foram construídos e que deram origem à ideia de fazer “O Portugal que podia ter sido”.

A investigação desvendou edifícios de Rogério de Azevedo, um dos pioneiros do movimento moderno português e o que mais presença tem na cidade, Moura Coutinho e Júlio José de Brito, autor do Teatro Rivoli e Cinema Coliseu (em coautoria com Cassiano Branco e Mário de Abreu) que assina, entre outros, o edifício da Pastelaria-Café Paris, de 1954.

 
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