A reabilitação e ampliação da moradia Quinta de São Tiago, na União de Freguesias de Antas e Abade Vermoim, Famalicão, venceu o Prémio Januário Godinho, anunciou hoje a autarquia.
Este é um prémio atribuído pela Câmara de Famalicão “com o objetivo de promover a salvaguarda e valorização do património edificado”.
O júri da iniciativa, citado em comunicado, fala de uma obra “meritória e bem conseguida”. De acordo com a ata final do galardão, “a reabilitação recaiu sobre um edifício que já tinha sido intervencionado anteriormente, com práticas que o adulteraram”, sendo que a solução adotada “procurou corrigir esses aspetos, melhorá-lo e recriar uma coerência dos novos espaços com a preexistência (…) com a introdução de novos elementos e volumetrias que valorizam todo o conjunto criando unidade”.
Em comunicado, a câmara indica que o projeto de arquitetura da obra foi da responsabilidade do gabinete NOARQ, NO Arquitetos Lda., tendo como autor o arquiteto José Carlos Nunes Oliveira.
A promoção da obra ficou a cargo da empresa MT & Costa Sociedade Imobiliária, Lda. e a construção a cargo da empresa Henrique Cunha, Lda.
Com o valor de 7 mil euros, o prémio divide-se em 2 mil euros para o promotor e 5 mil euros para a equipa projetista.
A câmara entrega o prémio, “atribuído por unanimidade”, em 21 de novembro, numa cerimónia que terá lugar nos Paços do Concelho de Famalicão.
Este é um edifício composto por dois pisos e apresenta uma matriz tradicional, com as características da região. Conforme é explicado no comunicado, esta é uma construção em blocos de granito e cobertura de águas em telha cerâmica, a casa muro com a rua adjacente apresenta um alçado embasado a granito com gateiras, janelas no piso superior e um pequeno painel de azulejo com a inscrição “Quinta de São Tiago”.
O acesso faz-se através de um telheiro, a partir do qual se acede a um espaço exterior que distribui para os vários acessos ao interior da habitação e também para o jardim e zona de lazer.
“No interior, os espaços sucedem-se num contínuo visual em que a materialidade da preexistência é exposta nas partes comuns e mantida em toda a envolvente do edifício. As duas ampliações, a nascente e a poente, adotam linguagens diferentes, recorrendo a materiais como a pedra e madeira, e as volumetrias assumem o telhado de duas águas”, explica a câmara.
O Prémio Januário Godinho foi criado em 2017 com o objetivo de promover a salvaguarda e valorização do património edificado, assim como promover a divulgação do trabalho desenvolvido por projetistas, construtores e promotores.
O prémio é de frequência bienal, sendo esta terceira edição referente a obras concluídas nos anos de 2019 e 2020.
A reabilitação do Palácio da Igreja Velha, em Vermoim, foi a obra vencedora da primeira edição do prémio, sendo que a reabilitação da “Casa Serafim e Esperança Oliveira”, no centro de Famalicão, venceu a segunda edição.
O arquiteto que dá nome a este galardão, Januário Godinho, figura incontornável da arquitetura moderna portuguesa, nasceu a 16 de agosto de 1910 no concelho de Ovar.
“Arquiteto eminentemente moderno, demarca-se dos seus pares, pela importância que prestou à tradição, ao contexto e ao património edificado, em toda a sua obra. A vasta obra que Januário Godinho deixou no nosso território e a sua sensibilidade no equilíbrio entre novo e tradição, constituem ensinamentos que merecem ser difundidos e homenageados através deste Prémio”, diz a autarquia.
Da obra deixada em Vila Nova de Famalicão por Januário Godinho “destaca-se o edifício dos Paços do Concelho e o antigo Tribunal; na freguesia de Antas o edifício para o Banco Português do Atlântico (1953); na freguesia de Brufe a casa Afonso Barbosa (1940-42); na freguesia do Louro várias construções na Quinta de Seara, propriedade do banqueiro Artur Cupertino de Miranda, o mercado, a igreja, a Casa do Povo, o centro paroquial e o cemitério. Na freguesia de Requião, cujo promotor foi o industrial Manuel Gonçalves, destaca-se o projeto da Casa Manuel Gonçalves, a Quinta de Compostela e a Têxteis Manuel Gonçalves”.