O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros acusou hoje PS e Chega de terem provocado um “apagão político” que ditou a demissão do anterior Governo, mas defendeu que o executivo saiu das eleições com “novo fôlego”.
Paulo Rangel, na intervenção de encerramento do debate sobre o Programa do XXV Governo Constitucional, fez uma alegoria sobre o recente apagão elétrico que afetou a Península Ibérica para analisar a situação política.
“Na votação da moção de confiança ao anterior Governo, uniram-se e convergiram duas fontes partidárias, o PS e o Chega – por sinal, duas fontes só aparentemente renováveis –, que, pelo seu sobrepeso e sobrecarga, deitaram o Governo abaixo e forçaram novas eleições, provocando o dito apagão político”, acusou.
Para Paulo Rangel, estes dois partidos “apagaram o XXIV Governo, interrompendo a sua dinâmica reformista contra a vontade manifesta do eleitorado e dos principais atores sociais e económicos”.
As eleições de 18 de maio, defendeu, foram o equivalente ao ‘reset’ do sistema elétrico, do qual o segundo executivo PSD/CDS-PP liderado por Luís Montenegro saiu “mais forte e mais determinado”.
“Não tenham dúvidas, com uma maioria maior, com uma maioria clara, com a confiança inequívoca dos portugueses, com um mandato dos eleitores a todo o sistema partidário para assegurar a estabilidade, este Governo e o seu primeiro-ministro apresentam-se aqui com um novo ímpeto, com um novo fôlego, com uma nova garra, com uma vontade indómita e indomável de transformar Portugal”, disse.
Prosseguindo a alegoria, o ministro defendeu que, tal como no apagão elétrico, também do político “houve e há lições a tirar e a aprender” quer para a AD e Governo, quer para a oposição.
“Somos hoje – algo que agora se divisa graficamente neste hemiciclo – somos a aliança do meio, os partidos do meio, o partido do meio (…) A AD é o movimento político do meio e esse é um dado político incontornável”, considerou.
Já quanto às oposições, o ministro considerou ter ouvido no debate do programa do Governo disponibilidade de todos os partidos para cooperarem com o Governo.
“Não basta exigir ao Governo que cumpra e execute o que prometeu; que realize e concretize o programa votado pelos portugueses e votado no Parlamento (…) É necessário também que as oposições cumpram a sua palavra e que se obriguem a provar, no Parlamento e fora dele, que querem mesmo fomentar e proteger a estabilidade”, defendeu.
Para Rangel, “ninguém compreenderá que a disposição de abertura dos dois maiores partidos da oposição desague ou venha a desaguar num comportamento irresponsável de votos pios ou votos vazios”.