O secretário-geral do PCP sugeriu hoje a criação de um imposto que aumentaria todos os dias para cada casa vazia na posse da banca e dos fundos imobiliários para estancar a especulação em torno da habitação.
“Se cada casa vazia que está nas mãos da banca, se cada casa vazia que está nas mãos dos fundos imobiliários começasse a pagar no primeiro dia um euro de imposto, no segundo dia dois euros de imposto, no terceiro dia três euros de imposto e por aí adiante, não tenho dúvida nenhuma de que as casas baixariam logo o preço”, afirmou Paulo Raimundo.
O líder comunista discursava numa sessão sobre habitação em Rio Tinto, Gondomar, promovida pela CDU (Coligação Democrática Unitária – PCP e Partido Ecologista “Os Verdes”).
Na sua intervenção, Paulo Raimundo centrou-se na banca e no seu papel na especulação do mercado imobiliário, considerando que este é o setor imune a “todos os sacrifícios” que são pedidos.
“Ficam sempre fora de todos os esforços”, notou, acreditando que esse imposto estancaria “logo a especulação” e as casas que neste momento estão vazias seriam libertadas “para o povo, para quem delas precisa”.
Paulo Raimundo reiterou a importância de mais Estado naquele setor e dedicar 1% do PIB para a construção de habitação pública, apesar de reconhecer que não há “soluções mágicas” para este problema, em que quase é preciso “uma caixa de ferramentas” para o resolver.
“A consequência de termos entregue o artigo 65 da nossa Constituição – o direito à habitação – ao chamado mercado está à vista. Isto não é nenhum mercado. Isto é uma cambada de abutres que nos sugam, sugam, sugam, para se continuarem a encher, a encher, a encher”, disse.
Perante uma plateia de militantes e simpatizantes, Paulo Raimundo sugeriu que se fizesse um exercício de tentar perceber o que significaria se outros setores fundamentais da sociedade tivessem uma presença tão diminuta (2%) do Estado, nomeadamente, a saúde, a educação ou a segurança social.
“Cada um que pense o que é que seria do estado da saúde de cada um de nós se o Estado detivesse 2% da saúde e o setor privado 98%”, acrescentou.
Nesse sentido, acredita que as respostas para a habitação são “mais Estado, mais Estado, mais Estado”.
No parque urbano de Rio Tinto, no distrito do Porto, o secretário-geral do PCP discursou com um cartaz do líder da Montenegro visível nas suas costas, implantado numa rotunda, que Paulo Raimundo não ignorou.
“Eu vou pegar naquele slogan que está ali. Aquele senhor diz que Portugal não pode parar. Aquilo não está tudo mal, mas está ali um engano. Em vez de ser Portugal não pode parar tem de ser Portugal tem de parar de continuar a andar para trás na vida das pessoas. É o que falta naquele cartaz. Mas é claro que naquele cartaz não era possível escrever isso”, disse.
Na sessão, participaram, entre outros, o deputado Alfredo Maia, que é o número um pelo Porto, e João Ferreira, número dois pelo mesmo círculo, que Paulo Raimundo espera que possa vir a ser eleito (a CDU apenas conseguiu eleger um deputado em 2024 e em 2022 neste distrito).