O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, considerou hoje que o anúncio da notificação de 4.574 cidadãos estrangeiros para abandonarem o país voluntariamente foi um “ato de campanha” do Governo.
“Estamos perante uma notícia que encaixa na dinâmica eleitoral. Este tipo de notícias, supostamente da agenda do Governo, vão multiplicar-se”, afirmou Paulo Raimundo em declarações aos jornalistas, no final de uma iniciativa com a Juventude da CDU na Voz do Operário, em Lisboa.
O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, confirmou hoje que a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) vai começar a notificar 4.574 cidadãos estrangeiros na próxima semana para abandonarem o país voluntariamente em 20 dias, tratando-se do primeiro grupo de imigrantes notificado de um total de 18.000 indeferimentos.
“É um ato de campanha”, insistiu o líder comunista, que vê na medida anunciada uma forma para o Governo da AD “introduzir na dinâmica eleitoral um tema”.
Em relação à medida concreta, Paulo Raimundo lamentou que o foco do executivo não seja antes o combate às redes de tráfico de seres humanos e a regularização dos cidadãos estrangeiros, que diz ser tanto do interesse do Estado como dos próprios cidadãos.
“Porque é que não estão (regularizados) é que interessa saber e é, desde logo, pela falta de recursos da AIMA”, sublinhou, acrescentando que “o maior drama que o país tem não é a imigração, é a emigração”.
Perante mais de uma centena de jovens da CDU, que acompanhou num desfile debaixo de chuva até à Voz do Operário, Paulo Raimundo disse ainda que “a juventude está a ser empurrada lá para fora” e insistiu na necessidade de investir em medidas de habitação, educação e de combate à precariedade para que os jovens não sintam a necessidade de sair do país.