Artigo de Vânia Mesquita Machado
Pediatra e escritora. Autora do livro Microcosmos Humanos. Mãe de 3. De Braga.
Água, ar, terra, fogo, harmonia de elementos, proporcionalidade ecológica.
Lógica da natureza expressa na beleza das paisagens rurais, selvagens, silvestres ou urbanas, algumas mais outras menos.
Fauna e flora e ecossistemas. Equilíbrio dinâmico de seres vivos, cadeias alimentares e ciclos de vida, reprodução de espécies animais ou vegetais, padrōes repetidos uniformemente, alguma heterogeneidade em prole da evolução.
O ser humano. A racionalidade. A inteligência. O egoísmo exponencial, desajustado ao habitat.
Os animais não destroem os locais que habitam. Adaptam-se às mudanças conforme as leis aleatórias das catástrofes naturais.
Anti-natura é a pegada ecológica humana, trilho antigo que a nossa espécie tem gravado no planeta que Deus quis que habitasse, e que atualmente pelo sacudir global das consciências pensantes tem sido gradualmente reduzida, para o bem das gerações futuras.
Atear fogos é psicose sádica.
Não existem desculpas, exceto para uma mão cheia de inimputáveis, e outra mão cheia de descuidados inconsequentes, sem noção das consequências devastadoras de incêndios incontroláveis.
Tudo o resto é sociopatia maldosa, crime gravíssimo.
Nenhuma motivação que resulte na cinza da vida, seja por sofrimento humano das vítimas diretas, famílias desalojadas sem dormir dias a fio de mãos caídas despojadas de suas casas, mortes de pessoas encurraladas que tentam salvar pertences, ou se recusam a abandonar os lares, acometidas por um delírio súbito, seja pelas vítimas indiretas para as quais a palavra ajudar tem um significado real, os bombeiros.
Elogiar quem corre para as chamas por puro altruísmo, para salvar os semelhantes, não chega.
Prevenir e combater são apenas dois lados de um triângulo complexo, cujo terceiro lado é talvez aquele que importe mais controlar, para evitar a praga incendiária.
Como disse o Presidente da Liga dos Bombeiros, Jaime Marta Soares, estes fogos são o resultado de uma organização criminosa, TERRORISTA!
Escolhem-se os locais-alvo, a hora para deflagrarem, as condições climatéricas propícias.
Um plano minuciosamente delineado com múltiplos interesses de bastidores, heterogéneos pois incluem investidores, empresas de combate aos fogos, e até pastores, todos que possam ter interesse em lucrar com a terra carbonizada.
Mais do que debates repetitivos sobre quem é o responsável politicamente pelo alastrar assustador das labaredas gigantescas, com trocas ininterruptas de galhardetes de culpa entre partidos, é prioritário investigar quem são os reais culpados pela desflorestação descontrolada, e cuja sede incendiária este ano nos brindou com indesejáveis cenários dantescos, como é o caso da cidade do Funchal a arder.
Quem são os Neros?
Felizmente, e nunca é demais frisar, existem as tais pessoas boas que nos levam a acreditar na Humanidade, que largam as suas vidas e vestem a farda de bombeiros, ou os que os auxiliam com mantimentos.
E pequenos apontamentos noticiosos, como o casal que na entrevista concedida ao JN esboçava um sorriso, por encontrar nos escombros da casa ardida onde tinham morado até há poucas horas, agora um esqueleto de carvão, a imagem em cerâmica intacta de Nossa Senhora De Fátima.
Haja Fé…
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