Quase meio século depois, Viana disse adeus ao prédio Coutinho

105 apartamentos reduzidos a escombros

Já não há mais prédio Coutinho. Na manhã desta quinta-feira, o que restava da estrutura construída no início da década de 70 foi completamente apagado da paisagem de Viana do Castelo, após demolição que durava desde dezembro de 2021, com algumas interrupções pelo meio.

Contudo, na história não se apaga aqui, uma vez que o Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga (TAFB) marcou para 24 de outubro o início do julgamento de uma ação que reclama a ilegalidade das expropriações para a demolição.

Com 105 apartamentos e 13 andares, a VianaPolis, sociedade gestora que ainda existe precisamente por causa desta operação, iniciou a desconstrução dos blocos nascente e poente, os mais altos do edifício, graças a uma plataforma de inertes para permitir que o braço de 40 metros da máquina giratória alcançasse o topo dos 13 andares dos dois blocos principais do edifício. Uma operação bastante complexa concluída hoje com sucesso.

Prédio Coutinho. Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO
Prédio Coutinho. Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO
Prédio Coutinho. Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO

Foi ainda considerado necessário montar um andaime junto à vedação lateral, o mais próximo das edificações adjacentes, para acautelar qualquer eventual projeção, especificou aquela sociedade.

A demolição esteve a cargo da empresa Baltor, que ganhou o concurso público por ter apresentado um “preço mais competitivo”. Do material retirado do edifício, parte foi encaminhado para reciclagem, outra para reutilização e algum entrou diretamente no mercado.

Prédio Coutinho. Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO
Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO
Prédio Coutinho. Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO
Prédio Coutinho. Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO
Prédio Coutinho. Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO
Prédio Coutinho. Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO
Prédio Coutinho. Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO

“As portas entraram novamente no mercado”, disse, a meio da operação, Cláudio Costa, administrador da Baltor, admitindo que o reaproveitamento de materiais seja ainda uma prática “muito pouco madura” em Portugal.

Já os inertes foram todos britados de modo a serem aproveitados noutras obras.

“No início da empreitada tínhamos um grande número de homens a desmembrar o edifício, a separar tudo muito bem, para garantir que cada material fosse para o seu destino”, explicou o administrador, em declarações à agência Lusa.

Prédio Coutinho. Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO
Prédio Coutinho. Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO
Prédio Coutinho. Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO

Inicialmente, o projeto da sociedade VianaPolis previa a implosão do prédio, mas a partir de 2018 a desconstrução foi a alternativa escolhida por prever o aproveitamento e a reutilização dos materiais, e causar menos impacto ambiental.

Prédio Coutinho. Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO
Prédio Coutinho. Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO
Prédio Coutinho. Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO
Prédio Coutinho. Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO
Prédio Coutinho. Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO

Conhecido localmente como prédio Coutinho, o edifício Jardim foi construído no início da década de 70 do século passado. Tem a sua desconstrução prevista desde 2000, ao abrigo do programa Polis.

Vídeo: Nuno Brito Lopes / lopezi.com

O projeto, iniciado quando António Guterres era primeiro-ministro e José Sócrates ministro do Ambiente, prevê para o local a construção do novo mercado municipal.

Em janeiro de 2021, o anterior presidente da autarquia e atual secretário de Estado do Mar, José Maria Costa, estimou em nove milhões de euros a construção do novo mercado.

Projeto do novo mercado de Viana
Projeto do novo mercado de Viana

Em fevereiro de 2018, a Câmara, também presidida por José Maria Costa, entregou, por ajuste direto, por 73.700 mil euros, a elaboração do projeto de arquitetura para a construção do novo mercado da cidade no local ocupado pelo prédio Coutinho.

Na quarta-feira, Luís Nobre classificou o reajustamento de “natural”, por considerar que a construção do novo mercado “não pode ser uma operação de um investimento infinito”, mas antes “sustentável”.

“Temos tempo. A ausência de Governo, de Orçamento do Estado (OE), atrasou muito a execução do próximo quadro comunitário de apoio. Esta operação [construção do novo mercado] é para ser apresentada e financiada pelo novo quadro comunitário. Não avançaria para um investimento desta natureza sem ter o financiamento assegurado. Não vou pôr em causa o equilíbrio financeiro das contas do município”, sublinhou.

 
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