Um quarto situado numa moradia em Real, na cidade de Braga, está a ser publicitado na internet como disponível para arrendamento na quantia mensal de 500 euros, preço que está a revoltar utilizadores por consideraram uma quantia inconcebível para apenas uma divisão. A autora diz que o preço é ajustado tendo em conta todas as despesas que tem e “a qualidade do material no quarto” e que até já o alugou em poucas horas a “um senhor só” que vai pagar o valor.
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O anúncio em causa foi publicado por volta das 20:00 horas desta quinta-feira num grupo de Facebook dedicado à venda e arrendamento de imóveis no concelho de Braga e a oferta, para além do quarto, inclui uma varanda e “pensão completa”, incluíndo limpeza. Apesar dessas benesses, o alto preço não passou indiferente aos utilizadores daquele grupo virtual, e em poucos minutos foram dezenas de comentários, uns de indignação, outros de gozo, e a maioria de revolta.
Um desses utilizadores, Pedro Ferreira, questionou se o quarto vinha com ações do Vila Galé, numa referência à cadeia de hotéis de elevado padrão que habitualmente se instalam em edifícios valiosos. Já Francisco Ferreira questionou se havia alguma mina de ouro nos fundos da divisão e a Maria Rodrigues perguntou também pelo ouro, mas se estaria num cofre na parede. “Nunca vi nada assim na minha vida”, lamentou.
Conceição Gomes, estupefacta, aponta que a freguesia de Real, embora esteja incluída na cidade, é longe do centro, o que deveria ser um motivo para que preço não fosse tão alto. Já Sónia Moreira ‘ataca’ os senhorios, pedindo “mão na consciência” e Rodrigues Pereira ‘ataca’ o quarto, que “parece do século passado e que morreu alguém lá dentro”.
O MINHO entrou em contacto com a conta de Facebook que publicitou o anúncio, questionando o motivo de a renda ser tão elevada por uma única divisão, mesmo para os padrões da cidade de Braga, onde atualmente a maior parte dos quartos não passam a renda dos 350 euros mensais.
Por telefone, a autora, que não identificamos, começou por dizer-nos que não temos “noção” dos encargos que apenas um quarto pode dar a um senhorio, sobretudo quando muitos danificam e até “roubam colchas e cobertores”.
Explica que este é o quarto “mais caro” da casa e que até já o arrendou “a um homem só”, tendo ainda quartos de solteiro arrendados a 300 euros e outro de casal a 400 euros, “mas não têm varanda e não são tão bonitos, por isso custa mais 100 euros”. Ainda sobre o preço elevado, explica que “são duas camas de solteiro juntas, com lençóis feitos à medida”, e que cada jogo “custou 50 euros”, assim como “o edredão para deixar a cama bonita que custou 60 euros”. Fala ainda em “mantas em pele de carneiro”.
Explica que lhe sugeriram começar a alugar os quartos e percebeu que tinha de colocar preços deste género porque “roubavam os lençóis e porque deixavam tudo sujo” e que “até comida lhes dava (aos inquilinos)”. “Usavam a cozinha, a sala, eu é que pagava tudo, ou seja, não pagam só o quarto, tem direito a cozinha, casa de banho e eu tenho de limpar o quarto”. Justifica o valor também com a conta do gás na casa toda: “Só a conta de gás deste mês foram 113 euros. Quem me conhece sabe que sou uma pessoa generosa. Faça as contas”.
A concluir, lembrando ainda o que tem de pagar nas Finanças por causa dos contratos com recibo, que passa, reafirma que um quarto a 500 euros “não é caro” se for um casal, pois “dá 250 euros a cada um, com uso da casa incluído” e atira-se também a senhorios que “alugam mais barato mas não passam recibos”.
Embora a utilizadora Cristina Fidalgo diga que já viu “elefantes cor de rosa mas nunca tinha visto um quarto a arrendar por 500 euros”, a verdade é que numa consulta pelas diferentes agências e portais dedicados ao arrendamento de imóveis, é possível encontrar quartos nas imediações do campus de Gualtar da Universidade do Minho a 650 euros. Porém, este caso de Real é mesmo o segundo quarto mais caro que encontramos em todos os portais, onde a média ronda os 350 euros.