Declarações após o Vitória SC-Marítimo (1-0), jogo da 16.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães:
João Henriques (treinador do Vitória SC): “Na segunda parte, falhámos uma mão cheia de oportunidades para conseguir outro resultado e não estar à mercê de um lance fortuito [do Marítimo]. Poderíamos ter vencido com mais segurança e certeza. O Vitória foi sobejamente superior e poderia ter construído outro resultado.
O Wakaso [que saiu após o intervalo] vai precisar de minutos. Todos reconhecemos o valor que ele tem. Depois de uma longa paragem, precisa de tempo para readquirir aquilo de que precisa. Ainda não consegue fazer tudo o que gosta. Mas ele saiu para mudarmos uma situação estratégica. No plano de jogo, era uma certeza que o Wakaso não faria os 90 minutos. Antecipei a substituição. É mais um reforço importante para o grupo.
(Adivinhava a consistência de triunfos apresentada pelo Vitória?) Quando cheguei, disse que havia qualidade no Vitória. Há muita confiança na equipa técnica, nas ideias e na nossa forma de trabalhar. Está tudo alinhado entre jogadores, direção e equipa técnica. Mas há muito caminho a percorrer. Estamos com os pés assentes no chão. Vamos ao Estádio da Luz [defrontar o Benfica, na sexta-feira] para disputar os três pontos. Olhámos sempre para o próximo jogo. Mas não vai ser sempre tão bom. Hoje, poderíamos ter sofrido o empate após termos desperdiçado tantas oportunidades. No final da época, queremos colocar o Vitória nos lugares que qualquer vitoriano ambiciona: o topo da tabela.
O nosso ‘mercado’ está aqui dentro. Olhámos para aquilo que o Vitória tem de bom na equipa B e na equipa sub-23. Ao sentirmos que estava ali um ativo importante para o grupo [Oscar Estupiñán], chamámo-lo. Sentimos que era um jogador adequado para a nossa ideia de jogo. Felizmente, está com bom aproveitamento. Está a mostrar aquilo que pensávamos dele. No banco, tínhamos o Esteves e o Amaro, mais dois jogadores que estão cá dentro. A equipa B está a produzir jogadores de valia para o nosso clube. Este é um projeto grande, onde estamos de ‘corpo e alma’. Quando temos estes recursos, não temos de estar sempre a olhar lá para fora.
Não estamos preocupados com isso [o fecho do mercado]. Estamos muito satisfeitos com os jogadores que temos, caso contrário não teríamos os pontos que temos. Antes deste jogo, toda a gente falou que o Pepelu fazia falta [no meio-campo], mas, quando cheguei, o Pepelu ainda era um ponto de interrogação. Hoje, o Janvier entrou bem. Temos muitos médios. Há qualidade. Queremos é que o grupo esteja estável. O campeonato acaba já ali. Quanto menos oscilações houver, melhor. Mas o ‘mercado’ é volátil e tudo pode acontecer com jogadores e treinadores”.
Milton Mendes (treinador do Marítimo): “A nossa equipa começou o jogo muito bem, depois de uma semana complicada. Tínhamos tido um jogo [derrota com o Estoril-Praia para a Taça de Portugal] e pairava uma dor em todo o clube. Fizemos um bom jogo. A equipa mostrou personalidade e uma disciplina tática muito boa. Sabíamos como o Vitória iria jogar, privilegiando os cruzamentos do Quaresma. Conseguimos estancar isso no primeiro tempo e tivemos as melhores oportunidades. No final do tempo, tivemos uma oportunidade claríssima.
Na segunda parte, levámos um golo no início do segundo tempo. Isso dificultou a nossa estratégia. Mesmo assim, circulámos a bola. Tivemos um penálti, que, a meu ver, é penálti. Há um ‘pisão’ dentro da área e qualquer coisa que desequilibre o jogador é falta. Depois, tirámos um central que já tinha amarelo e passámos a jogar em 4x3x3, com circulação de bola e triangulação, seguindo o nosso processo. O Vitória só criou perigo em contra-ataque no final. Os meus jogadores estão de parabéns, mas o resultado não apareceu. Estou satisfeito, mas estaria mais se tivéssemos ganhado ou empatado, pelo menos.
Tem-nos faltado uma pontinha de sorte, mas a sorte procura-se. É importante dizer que a nossa equipa está jogando bem. Com o Paços de Ferreira, tivemos as melhores oportunidades no início. Depois, eles fizeram um golo na primeira parte e um segundo no início da segunda. A equipa abriu-se e perdeu o jogo [3-0]. Com o Estoril Praia, jogámos bem, marcámos um golo, tivemos mais oportunidades e sofremos um golo a acabar [o tempo regulamentar]. Depois, perdemos no prolongamento. A equipa tem personalidade. Tem faltado alguma concentração num ou noutro momento-chave.
A direção está a dar-nos jogadores no ‘mercado de inverno’. Isso dá alento à equipa. Temos mais um jogo na primeira volta [receção ao Sporting] para inverter esta série [negativa].
Já foi apresentado o Stefano Beltrame, um médio ofensivo, o Andreas Karo, defesa central que também joga a lateral, e o Sassá, um avançado [no ‘mercado de inverno’ em curso].
O Rodrigo Pinho veio de um período de paragem [devido ao novo coronavírus]. Enquanto esteve assintomático, fez trabalho à distância. Hoje, entrou em campo para nos ajudar. Não sei mais nada sobre o futuro dele [relativamente a uma possível saída]”.