A chamada quadrilha dos Balcãs, desmantelada a meio desta semana pela Polícia Judiciária, nada tem a ver com os dois roubos à mão armada em Prado e o assalto em Braga, ao funcionário ao cash-and-carry da Saner, em Frossos.
Em Prado, um sexagenário foi agredido e os seus dedos golpeados durante o assalto aos Móveis Dantas, na noite de 23 de novembro, com ferimentos no seu proprietário, Moisés Barbosa Dantas, de 66 anos, para além de torturas à sua mulher, Amélia Costa Dantas, de 63 anos, enquanto esta quinta-feira, Jorge Silva, de 42 anos, dono da Pastelaria Faial d’Ouro viu o dedo cortado.
Em Frossos, nos arredores de Braga, o gerente do cash-and-carry da Saner, Carlos Borges, de 46 anos, foi baleado na perna direita, na manhã de 6 de novembro, evitando o roubo de cerca de 50 mil euros. Ainda na manhã de 17 de julho também deste ano, Joaquim Gomes, de 45 anos, foi baleado na perna esquerda, tendo-lhe roubado igualmente cerca de 50 mil euros, quando se preparava para depositar o dinheiro no Novo Banco de Maximinos, Braga.
Roubos versus furtos
Segundo fontes policiais revelaram a O MINHO, ao contrário do que tem sido noticiado por sites de pasquins – não jornais – da região do Minho, não existe sequer qualquer tipo de relação entre a mais de centena de furtos que foram cometidos pelo núcleo originário da zona dos Balcãs com os dois assaltos na Vila de Prado e em Frossos, Braga, estes todos praticados com violência, ao contrário das dezenas de golpes atribuídos à rede internacional.
Os métodos dos dois grupos, um português e outro de estrangeiros de Leste, são diametralmente opostos, já que se os nacionais são extremamente duros e agressivos, enquanto os estrangeiros são calmos discretos. E enquanto pela parte dos portugueses há contacto directo – e sempre muito violento – com as suas vítimas, os sérvios e croatas atuam somente na ausência das vítimas.
Por outras palavras, os portugueses cometem roubos, isto é, assaltos com um carácter de violência sobre as vítimas, exigindo principalmente dinheiro, já os estrangeiros apenas assaltam casas e estabelecimentos vazios e preferem ouro, joias e outros artigos preciosos que rapidamente escoam para os países de origem, bem como para Itália, onde o grupo criminoso terá sido formado.
Do grupo de seis estrangeiros que ficaram ontem em prisão preventiva, por decisão do juiz de instrução criminal de Matosinhos, os dois mais velhos não se deslocariam aos locais para cometerem os furtos, cabendo tal tarefa já aos quatro mais novos, tendo já dado entrada no Estabelecimento Prisional do Porto, em Custóias, Matosinhos: Luca Braidich, Daniel Braidich, Valentino Nikole, Marcos Rudolf, Toni Jankovic e Nessa Jankovic, todos a aguardar o decurso de mais investigações criminais, com vista ao julgamento, no Porto.
Dezenas de assaltos
A PJ explicou que os suspeitos entravam nas moradias, situadas em zonas conotadas com pessoas de elevado estatuto socioeconómico, ao início da noite, aproveitando o facto de os proprietários estarem fora.
De acordo com aquilo que apurou a Diretoria da PJ do Norte, os arguidos entravam nas habitações através de escalamento e ou de arrombamento.
Com idades entre os 24 e 43 anos, os suspeitos residem todos no estrangeiro e fazem parte de uma organização criminosa que é mais vasta, de cariz internacional, segundo a Polícia Judiciária, que tem informações segundo as quais os seis detidos já terão cometido assaltos em Espanha, Suíça, França, Áustria, Itália, Croácia e Sérvia.
A PJ explicou que, na sequência da investigação, foi apreendido aos arguidos cerca de 13.000 euros em dinheiro, carros, documentos de identificação presumivelmente falsos, gorros, disfarces, luvas, rebarbadoras elétricas com alimentação por geradores, combustível e discos de corte, objetos que transportavam em mochilas para o cometimento dos crimes.
“Grande parte do dinheiro apreendido é em notas de 500 euros, tendo eles ainda na sua posse também dinheiro de países da América do Sul, dos Estados Unidos da América e de Inglaterra”, conforme revelou também a PJ.
Os suspeitos procuravam, além de dinheiro, sobretudo bens valiosos, nomeadamente relógios e peças em ouro que eram “fáceis de escoar”, como explicou a Secção Regional de Combate ao Terrorismo e Banditismo, da PJ.
“Os crimes em causa vêm provocando grande alarme social, visto serem cometidos com grande eficácia e profissionalismo, visando estabelecimentos comerciais e habitações de onde têm vindo a ser subtraídos bens de elevado valor, que se suspeita sejam de imediato escoados para fora do país”, referiu.
Esta força policial acrescentou que, só no último fim de semana, este grupo terá realizado três assaltos nas zonas de Braga, Gondomar e Oliveira de Azeméis, “sendo certo que o grupo criminoso se encontra no nosso país desde o início de novembro, havendo fortes indícios de que terão cometido dezenas de furtos por todo o território nacional”.