Pugilista de Barcelos condenado por tráfico de droga foi libertado: “Toda a gente tem uma fase má”

Pena suspensa para “Edu”
Foto: Joaquim Gomes / O MINHO

O pugilista Eduardo Machado, de Barcelos, que estava em prisão preventiva, saiu em liberdade a meio de tarde desta segunda-feira, do Palácio da Justiça de Braga.

Foi condenado com uma pena de cinco anos de prisão, mas suspensa por igual período, devido a tráfico de droga simples e não agravado, tendo sido absolvido da acusação de associação criminosa.

“Edu”, já em liberdade, à saída do Palácio da Justiça de Braga, afirmou a O MINHO considerar “justa esta pena e a minha libertação”.

“Depois de ter passado por uma fase menos boa da minha vida, com consumo de drogas, mas eu já estou recuperado”, disse.

E acrescentou: “Passei uma fase muito difícil da minha vida, com o falecimento de meus familiares, tudo contribuindo para me ter deixado ir abaixo, mas a partir de agora, voltarei para o meu trabalho no boxe, competindo e reativando a minha academia em Barcelos”.

“Edu” revelou estar “agradecido aos juízes”, que lhe deram “esta oportunidade” de provar que eu não é “nada daquilo que se dizia agora por aí” a seu respeito. Ao mesmo tempo que enalteceu “o trabalho meritório” da sua advogada Marisa Carvalho Oliveira.

As duas arguidas que estavam em prisão preventiva, Ana Costa e Adriana Faria, a primeira das quais esposa de “Edu”, tendo sido também condenadas, tiveram penas suspensas, ficando por isso esta tarde já em liberdade.

A Instância Central Criminal de Braga aplicou as principais penas de prisão efetiva a um cunhado de “Edu”, João Ferreira, condenado a seis anos de prisão, pelo que, tal como Armindo Barbosa e Vítor Barreto continuarão presos.

Vítor Barreto foi condenado a cinco anos e oito meses de prisão efetiva, Armindo Barbosa teve pena de cinco anos e quatro meses de prisão efetiva, e a Aurélio Silva cinco anos e meio de prisão efetiva, mantendo-se este em liberdade.

O Tribunal de Braga aplicou quatro penas de prisão efetiva, por tráfico de droga agravado, tendo condenado a penas suspensas os restantes doze arguidos, estes últimos por tráfico de droga simples, três dos quais estavam em prisão preventiva e foram já libertados, casos de Eduardo Machado, da sua esposa, Ana Costa, e de Adriana Faria.

Foto: Joaquim Gomes / O MINHO

A juíza-presidente destacou “a necessidade de prevenção geral para a comunidade e de prevenção especial para os arguidos”, recordando todo o flagelo dos crimes de tráfico de droga, que, por sua vez, potenciam outros crimes, igualmente muito graves.

Eduardo Cameselle Machado, de 35 anos, natural e residente em Barcelos, era um dos seis presos preventivos, entre os 19 arguidos, do grupo desarticulado em 2023, pela PSP de Barcelos, por crimes de tráfico de droga (cocaína e haxixe).

João Pedro, sendo paraplégico, afirmou aos magistrados que parava na academia de boxe do seu cunhado, “Edu”, em Barcelos, ao longo do dia, mas ali ninguém traficava droga, sendo o próprio João Pedro, toxicodependente, que “cedia” droga aos outros.

O julgamento, em Braga ficou também marcado pelas afirmações de João Pedro, que também é seu cunhado, afirmando que era ele próprio que às vezes “dispensava” cocaína a “Edu”, desmentindo que o pugilista fosse líder da rede de tráfico de droga.

Armindo Barbosa, antigo pugilista, um outro arguido, também preso preventivamente, como Eduardo Cameselle e João Pedro, disse que poucos meses antes da detenção de “Edu”, em outubro de 2023, “ele já andava de rastos com o consumo de cocaína”.

Para Eduardo Machado, o Ministério Público findo o julgamento tinha solicitado condenação por dois supostos crimes, de associação criminosa e de tráfico de droga agravado, só que foi condenado por tráfico de droga, mas simples, além de ser absolvido de alegadamente liderar com o cunhado uma associação criminosa, o que não se provou para nenhum dos arguidos.

Eduardo Cameselle era pugilista do SC Braga, clube que o suspendeu, de imediato, assim que soube pelos órgãos de comunicação social, em outubro de 2023, que “Edu” tinha sido detido por indícios de liderar uma estrutura de tráfico de droga.

“Edu”, cuja família tem origem na região vizinha da Galiza, foi futebolista em clubes regionais, do Minho, jogando no Vizela, Ninense, Trofense, Fão, Mirandela, Valenciano e CF Estrela, após começar a carreira na equipa Sub-19 do SC Braga.

Durante as buscas policiais, a PSP de Barcelos foi reforçada por elementos do Comando Distrital de Braga da PSP e da Força Destacada da Unidade Especial de Polícia no Comando Metropolitano da PSP do Porto, centrando-se a operação na freguesia urbana de Arcozelo, em Barcelos, especialmente no Bairro 1.º de Maio e na Urbanização do Souto, mas também forma buscados um apartamento na cidade de Viana do Castelo e outro na cidade Valença durante a ação policial realizada em 2023.

Sabe-se, por outro lado, que especialmente as drogas duras (heroína e cocaína) seriam adquiridas na cidade do Porto, nos bairros vizinhos da Pasteleira Nova e de Nuno Pinheiro Torres, ambos na freguesia de Lordelo do Ouro, na zona ocidental da cidade.

O epicentro do tráfico de droga seria na Rua do Doutor Aníbal Araújo, perto da Junta de Freguesia de Arcozelo, em Barcelos, sendo que dado o crescendo da venda de droga na zona, havia já uma luta pelo território entre grupos rivais com rixas à mistura.

A PSP de Barcelos apurou que o local predileto para o narcotráfico seria um túnel na confluência das Ruas do Doutor Aníbal Araújo e de Tomé de Sousa, numa zona com diversos acessos, o que dificultaria o controlo e as eventuais operações policiais, mas, entretanto, o tráfico de droga estaria a expandir-se mais à zona ribeirinha de Barcelos, para aproveitar a sua vida noturna.

O MP referia, no seu libelo acusatório, que “Edu” liderava o grupo, a par do seu cunhado (irmão de Daniela), João Costa, que escondia bens na cadeira de rodas, tendo ambos o apoio direto da mulher de “Edu”, Daniela Costa, de 26 anos.

A acusação da 1.ª Secção do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Vila Nova de Famalicão referia um núcleo duro de sete arguidos (tráfico agravado), outro periférico de oito suspeitos (tráfico simples) e a seis tráfico de menor gravidade.

A PSP apreendeu cocaína suficiente para cerca de 560 doses individuais, haxixe que daria para cerca de 330 doses individuais, 12.800 euros em dinheiro, um revólver com diversas munições e diverso material relacionado com o tráfico de estupefacientes.

As buscas da PSP de Barcelos centraram-se mais na freguesia urbana de Arcozelo, em Barcelos, em especial no Bairro 1.º de Maio e na Urbanização do Souto, mas ainda num apartamento na cidade de Viana do Castelo e outro apartamento em Valença.

As penas uma a uma

Os quatro arguidos condenados a penas de prisão efetiva

João Pedro Ferreira Costa, 6 anos de prisão efetiva.

Vítor Manuel Dias Pereira Barreto, 5 anos e 8 meses de prisão efetiva (continua em prisão preventiva).

Armindo Gonçalves Barbosa, 5 anos e 4 meses de prisão efetiva (continua em prisão preventiva)

Aurélio Lourenço Couto da Silva, 5 anos e 5 meses de prisão efetiva (continua em liberdade até recurso).

Os três arguidos libertados com pena suspensa

Eduardo Augusto Cameselle Machado (“Edu”), 5 anos de prisão, suspensa por igual período.

Ana Daniela Ferreira Costa, 4 anos e 3 meses de prisão, suspensa por igual período.

Adriana Isabel Borges Faria, 4 anos e 5 meses de prisão, suspensa por igual período.

Os 12 arguidos com penas suspensas que estavam em liberdade

Rui Marna (“Ruca”), 4 anos e 10 meses de prisão, pena suspensa por igual período.

Custódio Aníbal Torres Leite de Sousa, 4 anos e 10 meses de prisão, pena suspensa por igual período.

Hélder Pereira da Costa Bravo, 4 anos e 10 meses de prisão, pena suspensa por igual período.

Américo Gonçalves Araújo (“Meco”), 4 anos e 10 meses de prisão, pena suspensa por igual período.

Carlos Agostinho Pais Simões (“Lagosta”), 4 anos e 8 meses de prisão, pena suspensa por igual período.

João Manuel Pimenta (“Martelo”), 4 anos e 7 meses de prisão, pena suspensa por igual período.

Viviano Alexandre Oliveira Campos, 2 anos e 5 meses de prisão, pena suspensa por igual período.

Stephania Carvalho Fernandes, 2 anos e 2 meses de prisão, pena suspensa por igual período.

João Pedro Freitas Vilas Boas (“Rocky”), 1 ano 7 meses de prisão, pena suspensa por igual período.

António Manuel Abreu da Silva (“Tó Mané”), 1 ano e 5 meses de prisão, pena suspensa por igual período.

João Cristiano Gomes dos Santos (“Mosca”), 1 ano e 4 meses de prisão, pena suspensa por igual período.

Cláudia Raquel Loureiro Gomes, 1 ano e 3 meses de prisão, pena suspensa por igual período.

 
Total
0
Shares
Artigos Relacionados