PSP residente em Famalicão recebia munições de grupo terrorista MAL

Queriam criar uma milícia armada
Psp residente em famalicão recebia munições de grupo terrorista mal
Foto: PJ

Um agente-principal da Polícia de Segurança Pública, residente em Famalicão, foi um dos elementos das forças de segurança que terá colaborado ativamente com o alegado grupo de infrações terroristas Movimento Armilar Lusitano (MAL), recebendo munições da parte do chefe da PSP, Bruno Gonçalves, colocado na Polícia Municipal de Lisboa, agora já em prisão preventiva.

O agente-principal da Polícia de Segurança Pública, cuja identidade, já conhecida, não pode ser revelada, por o processo estar em Segredo de Justiça, além de contender com questões de Segredo de Estado, continua a prestar serviço operacional na PSP, nesta região do Minho, tendo sido alvo de vigilâncias, de seguimentos e de escutas telefónicas realizadas pela Polícia Judiciária.

É para já este o caso mais flagrante de infiltrações na PSP, mais concretamente no distrito de Braga, daquela organização que foi desmantelada pela Polícia Judiciária, através da Unidade Nacional Contra Terrorismo (UNCT), da PJ, por supostamente se dedicar a infrações relacionadas com grupo terrorista, visando criar uma milícia armada, para tentar tomar o poder em Portugal.

A diretora nacional da Unidade Nacional Contra Terrorismo (UNCT), da PJ, Manuela Santos, fazendo balanço da “Operação Desarme 3D”, admitiu desde logo “existirem mais elementos de forças de segurança de forças militares envolvidos”, além do chefe da PSP, Bruno Gonçalves, que foi um dos seis detidos, bem como ligações a grupos que se dedicam a segurança privada. 

Para além do agente-principal da PSP, que trabalha no distrito de Braga, amigo de longa data do chefe Bruno Gonçalves, tendo este último integrado já o Departamento de Armas e Explosivos da Direção Nacional da PSP, antes da sua comissão de serviço na Polícia Municipal de Lisboa, há igualmente o envolvimento de um militar da GNR com licença sem vencimento, para poder dedicar-se a tempo inteiro à venda de armamento de guerra, bem como um fuzileiro no ativo na Marinha de Guerra Portuguesa.

Este último, primeiro marinheiro fuzileiro da Marinha de Guerra Portuguesa, forneceu camuflados e outro material ao grupo, cuja identidade, já é conhecida, só que não pode ser revelada, por o processo criminal se encontrar em Segredo de Justiça, além de contender com questões de Segredo de Estado, sendo expressamente proibido divulgar sequer o seu nome profissional.

O militar da GNR, com a categoria de guarda-principal, foi anteriormente segundo-furriel no Exército, encontrando-se ainda na Polónia, cuja identidade, já conhecida, não pode ser revelada, por o processo estar em Segredo de Justiça, além de contender com questões de Segredo de Estado, ostenta diversas condecorações, quer do Exército Português, quer igualmente já da GNR.

Já o chefe da PSP Bruno Gonçalves (antigo alferes e tenente do Exército Português), residente em Palmela, contaria com apoio de um grupo de militares da GNR, parte dos quais residentes na Margem Sul, todos a prestar serviço na Unidade de Intervenção da Guarda Nacional Republicana, em Lisboa, transferidos, entretanto, para o Norte, um dos quais para a capital do Minho, cujas identidades, já conhecidas, não podem ser reveladas, por o processo criminal se encontrar em Segredo de Justiça, além de contender com questões de Segredo de Estado, estando expressamente proibido divulgar sequer os seus nomes profissionais.

Há um outro suspeito da GNR, um sargento-ajudante do Quadro da Arma de Infantaria, promovido a este posto há cerca de um ano e meio, residente e agora a prestar serviço no Comando Territorial de Lisboa da GNR, cuja identidade, já conhecida, não pode ser revelada, por o processo estar em Segredo de Justiça, para além de contender com questões de Segredo de Estado.

Assassinar políticos e evitar matar polícias

Ao longo de cerca de três anos de complexas investigações criminais, os inspetores da Polícia Judiciária terão avançado numa fase em que alegadamente elementos do grupo pretendiam colocar engenhos explosivos na Assembleia da República e atentar contra a vida do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa (“por ter sangue judeu”, ipsis verbis) e de António Costa, primeiro-ministro à data da constituição do grupo terrorista e presidente do Conselho Europeu (“por ser indiano”, ipsis verbis).

A orientação dos treinos paramilitares estaria organizada no sentido de poder assassinar alguns dos principais políticos, mas na medida do possível evitar ao máximo danos colaterais, como nessas pretensas ações terroristas abater os “colegas” da PSP, designadamente os do Corpo de Segurança Pessoal (CSP) da Unidade Especial de Polícia (UEP) da PSP que fazem as escoltas.

Através da maior operação do género de sempre em Portugal, a Polícia Judiciária desmantelou uma alegada milícia armada de extrema-direita em Portugal, com centenas de munições, armas militares e explosivos apreendidos, tendo sido “surpreendida”, a própria PJ, com tal arsenal, disse a diretora nacional da UNCT da PJ, Manuela Santos, durante uma conferência de imprensa.

“Não deixou de ser surpreendente a qualidade e a diversidade daquilo que apreendemos”, afirmou Manuela Santos, a diretora nacional da Unidade Nacional Contra Terrorismo (UNCT), da Polícia Judiciária, resumindo a “Operação Desarme 3D”, na qual foram detidos seis suspeitos de fundar, dirigir e apoiar o Movimento Armilar Lusitano (MAL), em que “foi surpreendente ver um grupo com capacidade de fazer algo com alguma projeção, com os meios de que dispunham”, referiu a dirigente da PJ.

“Estavam a armar-se, a recrutar pessoas e a desenvolver ações”, ainda segundo Manuela Santos, apontando que o material que foi apreendido “tem uma origem e está tudo em aberto nesse aspeto, tendo-se aberto novas linhas nas investigações criminais”.

O grupo mais alargado, conta com pessoas que “pertenciam a antigas estruturas de extrema-direita que deixaram de existir”, como a “Nova Ordem Social”, fundada pelo neonazi Mário Machado, atualmente a cumprir pena de prisão efetiva, bem como a “Gárgulas de Portugal”, a “Nova Ordem Portuguesa” e a “Soldiers of Odin”, tendo sido criada em 2018 a página de Facebook do Movimento Armilar Lusitano (MAL), sendo um dos fundadores o chefe da PSP Bruno Miguel Amado Napoleão Gonçalves.

Mas, segundo a Polícia Judiciária, a liderança do grupo de infrações terrorista caberia ao camionista Bruno Valinho Carrilho, um camionista emigrado na Suíça, também preso preventivo, referenciado como tendo ligações diretas a grupos de extrema direita radical, integrando a cúpula da organização, uma vigilante e segurança privada, Tatiana Filipa de Jesus Lages, que fazia segurança numa casa noturna do Cais do Sodré, em Lisboa, diz o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) do Ministério Público, sediado em Lisboa, através da procuradora da República, Cláudia Oliveira Porto, a titular do processo.

Tal como O MINHO noticiou, a Unidade Nacional Contra Terrorismo (UNCT) da PJ desencadeou quarta-feira uma operação, cumprindo 15 mandados de busca e de apreensão (domiciliárias e não domiciliárias), que culminou na detenção de seis pessoas, fortemente indiciadas da prática de crimes de infrações relacionadas com grupo e ações terroristas, discriminação e incitamento ao ódio e à violência e de detenção de arma proibida, corporizados pelo autodenominado Movimento Armilar Lusitano (MAL).

Segundo a Polícia Judiciária, “em resultado das buscas efetuadas, foi possível proceder às detenções em flagrante delito e à apreensão de material explosivo de vários tipos, de várias armas de fogo, algumas das quais produzidas através de tecnologia 3D, várias impressoras 3D, dezenas de munições, várias armas brancas, material informático, entre outros elementos de prova”.

A investigação criminal começou “com a deteção on-line de indicadores de manifestações extremistas por parte de apologistas de ideologias nacionalistas e de extrema direita radical e violenta, seguidores de um ideário antissistema e conspirativo, que incentivava à discriminação, ao ódio e à violência contra imigrantes e refugiados”, acrescentou a dirigente da Polícia Judiciária.

“Os detidos são suspeitos de integrar o denominado Movimento Armilar Lusitano (MAL), o qual pretendia constituir-se como um movimento político, apoiado numa milícia armada, e encontram-se indiciados pela prática de factos enquadráveis nos crimes de infrações terroristas, alteração violenta do Estado de direito e de detenção de armas proibidas”, segundo refere a PJ

 
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