José Carlos Nunes, agente do Destacamento do Corpo de Intervenção da PSP do Porto e que leva a apicultura como hobby já erradicou dezenas de milhares de vespas asiáticas no concelho de Vila Verde, com recurso a diferentes métodos, seja na prevenção como na destruição de vespeiros.
O brigantino, que reside em Aboim da Nóbrega, Vila Verde, tem levado a cabo, nos últimos quatro anos, em conjunto com outros apicultores da região, uma ação de remoção de vespeiros no seu estado avançado, quando os mesmos apresentam perigo para a população.
A O MINHO, o polícia-apicultor explica que tem apostado na prevenção com recurso a garrafas armadilhadas, durante os meses de primavera e início de verão, tendo já capturado e eliminado mais de 300 vespas fundadoras, evitando assim a criação do mesmo número de ninhos [cada fundadora tem a capacidade de criar um ninho que pode ir até 30 centímetros de diâmetro].
José Carlos utiliza diferentes métodos para armadilhar as zonas ao redor de fruteiras e de apiários, com recurso a misturas biológicas, como é o caso da groselha com cerveja preta, ou até com recurso a produtos químicos devidamente autorizados, mas que apenas resultam na fase em que as vespas fundadoras ainda andam à procura de construir os primeiros ninhos.
“Nos últimos quatro anos já devo ter apanhado durante a primavera cerca de 300 vespas fundadoras nas armadilhas e milhares de vespas obreiras entre o verão e o inverno”, explica o apicultor, que não deixa também os ninhos em mãos alheias.
“Com ajuda de outros apicultores, como o Domingos Costa, já devemos ter eliminado cerca de 25 ninhos principais ao longo destes quatro anos”, avança. Cada um desses ninhos albergava entre mil a 10 mil vespas velutinas.
Vespas constroem ninho por cima de um apiário
Este sábado, O MINHO acompanhou a eliminação de um vespeiro situado em uma árvore [nogueira] mesmo por cima de um apiário, uma visão pouco habitual, dado que as vespas habitualmente faziam os vespeiros a cerca de um quilómetro das colmeias.
“Isto assusta um pouco porque elas começam a perder o medo e já fazem os ninhos mesmo na cara dos apicultores”, realça José Carlos.
Com ajuda de uma vara com vários metros, um anzol e um produto químico, José Carlos e Domingos Costa introduziram o químico embebido numa tira de uma esfregona, deixando-o dentro do ninho.
Para além do produto químico, os apicultores juntaram banha de porco de forma a assegurar que o mesmo se espalhava por dentro do ninho e se colava às vespas.
Dentro de alguns dias, ambos regressam ao local do vespeiro de forma a assegurar que o mesmo se encontra neutralizado e que as vespas ficaram mortas ao seu redor.
“Esta é uma forma mais eficaz que a incineração”, vinca José Carlos, acreditando que com o fogo, várias conseguem escapar e regressam alguns dias depois, fazendo novos ninhos ao redor. “De um ninho queimado, podem surgir uns 50 novos”, adianta.
“Com o veneno, a população do vespeiro é quase que totalmente dizimada”, afiança.
Esta noite de sábado, os dois apicultores eliminaram ainda outro ninho, situado junto a um quintal, na mesma freguesia. O mesmo encontrava-se em um valado pouco profundo, repleto de vespas.
O apicultor Domingos Costa explica que um agricultor preparava-se para limpar o valado de sebes com recurso a máquina hortícola quando terá ficado sem combustível. “Por acaso, a esposa foi ver o local e detetou este ninho”, explica. “Caso ele tivesse cortado o ninho com a máquina, era quase certo que haveria mais uma morte no concelho”, adianta.
Em Vila Verde já morreram três pessoas na sequência de ataques de vespa asiática, quase sempre por estarem a limpar terrenos agrícolas ou a abater árvores sem se aperceberem da existências de ninhos.
Dada uma imensa mancha florestal que se conjuga com populações rurais, o concelho de Vila Verde é local de vários avistamentos diários deste tipo de vespeiros.
De acordo com dados divulgados pela Câmara de Vila Verde, em 2018, foram eliminados cerca de 300 ninhos por todo o concelho.