A concelhia do PSD de Viana do Castelo questionou hoje se em pandemia de covid-19 será “oportuno um gasto de nove milhões de euros” na construção do novo mercado municipal, projeto anunciado na quarta-feira pelo presidente da Câmara.
“Face ao momento único de dificuldades e de incertezas, como nunca vividas no último século, no país e a nível mundial, num desesperado esforço de sobrevivência por parte das famílias e de todos os comerciantes, será oportuna a construção de mais um (hiper) Mercado? Será oportuno um gasto de nove milhões de euros no abandono do atual e na construção do quarto Mercado em quarenta anos?”, questiona aquela estrutura partidária liderada por Eduardo Teixeira.
Em comunicado, a concelhia presidida pelo também deputado do PSD eleito pelo distrito de Viana do Castelo questiona ainda o projeto do novo mercado, entretanto reajustado pelo atual executivo, face ao inicialmente proposto em 2003/2004.
“Ao contrário das propostas anteriores, parece agora estruturante e incontornável novo abate de árvores e radical adulteração e amputação, mais uma, do histórico traçado do jardim de Viana do Castelo, um dos primeiros de Portugal nos finais do século XIX. Será?”, interroga a concelhia.
Questionado hoje pela agência Lusa, o presidente da Câmara de Viana do Castelo, José Maria Costa, garantiu que “não haverá nenhum abate de árvores no jardim público”.
“Não há destruição de árvores, nem de nada no jardim. A feira do levante vai ser construída onde hoje é a avenida Luís de Camões, ligada ao mercado. A feira do levante fica ao mesmo nível do jardim público para permitir que as pessoas circulem e se relacionem com o jardim”, disse.
O autarca socialista refere-se às 160 bancas destinadas à venda de produtos locais que vão ser criadas no espaço exterior do mercado, assegurando a “harmonização do consumo da cidade com a produção das freguesias”.
“A integração do novo mercado com o jardim público, será efetuado com os cuidados de integração paisagística e criará uma relação entre os dois espaços, retomando as vivências do antigo mercado”, sustentou.
Para José Maria Costa, “o PSD, mais uma vez, demonstra estar fora de prazo e de tempo relativamente à desconstrução do edifício Jardim e da construção do novo mercado”.
“A construção do novo mercado é um projeto fundamental para a dinamização económica e social do centro histórico e um apoio aos pequenos agricultores e floricultores das freguesias de Viana do Castelo. Os pequenos agricultores terão, neste novo mercado, um espaço privilegiado para vender os seus produtos, em muito melhores condições do que no atual”, destacou.
Já a concelhia do PSD “espera que Viana do Castelo não se depare futuramente com a necessidade de debater a forma de desconstruir o novo mercado, após conclusão de que este não cumpre os objetivos que levaram à sua construção, e que o investimento de nove milhões agora anunciado mais não foi que um capricho que se poderá revelar um custo insustentável para o futuro dos vianenses”.
O PSD refere ainda que, “sendo que o assunto vai ser debatido na próxima reunião de Câmara Municipal, é fundamental que sejam previamente apresentados e tornados públicos os estudos realizados, devendo ainda ser esclarecidos os motivos da modificação do projeto inicialmente aprovado pela VianaPolis”.
“Volvida mais uma cambalhota nesta pandemia de projetos, em ano eleitoral, os vianenses merecem nova e pormenorizada explicação que demonstre a sustentabilidade deste investimento de nove milhões de euros”, observa.
Na nota, o PSD acrescenta que “acrescem 36 milhões” gastos até agora com o processo de desconstrução do edifício (prédio Coutinho), “e o empenho em desbaratar, na íntegra, o património que se pretende demolir, em valor certamente não inferior a 20 milhões de euros”.
Na quarta-feira, em conferência de imprensa, José Maria Costa anunciou que a sociedade VianaPolis lançaria esta semana um novo concurso para a desconstrução do edifício Jardim, operação que deverá acontecer no verão de 2022, explicando que a empreitada “demorará entre seis e nove meses, o que acontecerá no verão de 2022, sendo que em seguida será iniciada a construção do novo mercado municipal”.
Viana apresenta projeto do novo mercado que irá nascer no local do prédio Coutinho
O prédio Coutinho, de 13 andares, tem desconstrução prevista desde 2000, ao abrigo do programa Polis. O projeto, iniciado quando António Guterres era primeiro-ministro e José Sócrates ministro do Ambiente, prevê para o local a construção do novo mercado municipal.
Inicialmente, o projeto da sociedade VianaPolis previa a implosão do prédio Coutinho, mas a partir de 2018 a desconstrução foi a alternativa escolhida por prever o aproveitamento e a reutilização dos materiais e causar menos impacto ambiental.