O PSD na Câmara de Viana do Castelo propôs esta quinta-feira a realização de reuniões com a administração da fábrica da louça regional, sem laborar desde 2012, e o executivo PS revelou que as tentativas feitas nesse sentido saíram goradas.
A proposta da bancada social-democrata, no sentido de serem encetados contactos com a administração da fábrica da “Louça Regional de Viana”, surgiu no período antes da ordem de trabalhos da reunião camarária desta quinta, pela voz do vereador Eduardo Teixeira.
“Se o executivo socialista não estiver disponível, iremos nós solicitar reuniões com a administração da fábrica porque é um produto estratégico importante para a afirmação de Viana no mundo”, afirmou aquele vereador.
Eduardo Teixeira adiantou que “o município não pode nem deve abster-se dos seus produtos estratégicos”.
“A louça de Viana foi, e é um deles. Temos de fazer algo. Devemos ajudar a resolver e não ser parte da inércia”, frisou.
Na resposta, o autarca socialista José Maria Costa afirmou que a laboração ainda não foi retomada, não por “inércia” do executivo municipal, mas porque “o proprietário não se tem mostrado interessado nas propostas concretas que lhe têm sido apresentadas ao longo dos anos”.
“Há interessados e propostas concretas mas o proprietário não tem dado resposta, nem mostrado interesse”, disse.
“Não desistimos, vamos continuar a insistir mas não podemos apontar uma pistola ao proprietário. Esta administração nunca apostou na fábrica porque esta não é a sua área de negócio”, sustentou.
Já a vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, lamentou que o vereador do PSD, Eduardo Teixeira, “não tenha usado a sua influência enquanto foi deputado na Assembleia da República para insistir reativação da laboração daquela unidade”.
Com 242 anos, a fábrica “Louça Regional de Viana” encontra-se desde 2012 com a produção suspensa, mantendo somente uma loja para escoar ‘stock’ e um museu onde está exposto o espólio de que dispõe.
Produzida em porcelana, distingue-se por ser totalmente pintada à mão e cozida a uma temperatura de 1400º, que lhe dá uma resistência que outras não possuem.
Nos últimos anos de laboração adotou a denominação de “Louça Regional de Viana”, produzindo peças não só decorativas mas também utilitárias onde se destacam os motivos florais.
Foi no Cais Novo, lugar da freguesia de Darque, que a fábrica foi fundada em 1774. A sua expansão e desenvolvimento ficou a dever-se aos benefícios consagrados no Alvará Régio de 7 de Novembro de 1770 e à proximidade de Alvarães, de onde lhe vinha uma ótima argila constituída por caulino quase puro.
A partir de 1947 a fábrica passa a desenvolver o seu trabalho artístico na Meadela.
Em 1999 foi distinguida pela Câmara Municipal com o título de Instituição de Mérito da cidade pela “nobreza do seu passado e por constituir um “valioso património cultural do município”.
Em outubro desse mesmo ano, e após uns meses de negociações, foi adquirida pela família Adelino Duarte da Mota, sendo atualmente gerida por José Manuel Cardoso Mota.
No entanto, já chegou a pertencer ao grupo Jerónimo Pereira Campos de Aveiro, passou em 1971 para as mãos do então Banco Pinto de Magalhães, tendo mantido o nome original. Desde então, com as sucessivas mudanças de nome do banco proprietário (União de Bancos Portugueses, Banco Mello, este último adquirido pelo Banco Comercial Português (BCP)) atravessou dificuldades nessa ultima década.
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