A concelhia do PS de Ponte da Barca vai apreciar na sexta-feira a proposta do secretariado local para a retirada da confiança política ao vereador do partido convidado a integrar o executivo camarário liderado pelo PSD.
Em declarações à agência Lusa, a presidente da comissão política, Sílvia Torres, adiantou hoje que a reunião extraordinária, marcada para as 18:00, tem como único ponto na ordem de trabalhos a apreciação daquela proposta aprovada, por unanimidade, pelo secretariado do partido no dia 22.
A responsável explicou apenas que a “retirada da confiança política ao vereador Inocêncio Araújo não implica a perda de mandato”, escusando-se a tecer mais comentários sobre o assunto e remetendo as razões daquela medida para um comunicado emitido pelo secretariado local do PS.
A Lusa tentou obter uma reação do vereador Inocêncio Araújo, mas sem sucesso.
Na semana passada, em conferência de imprensa, o presidente social-democrata de Câmara de Ponte da Barca, Augusto Marinho, anunciou “o reforço da equipa executiva com a atribuição de meio tempo ao vereador Inocêncio Araújo”.
Augusto Marinho realçou a “atitude de proatividade, colaboração e disponibilidade” que Inocêncio Araújo “sempre” manifestou ao longo do atual mandato, “contribuindo ativamente para um debate sério e responsável, apresentando formal e informalmente propostas para a resolução dos problemas do concelho”.
Augusto Marinho adiantou que “da alteração no quadro da equipa de vereadores irá resultar uma alteração à distribuição de pelouros que será comunicada à Câmara Municipal na sua primeira reunião de janeiro de 2019”.
Em novembro, Inocêncio Araújo viabilizou o orçamento da maioria PSD para 2019. Dos quatro elementos que compõem a maioria social-democrata naquele município do Alto Minho, apenas o presidente e um vereador votaram favoravelmente. Além da abstenção da vice-presidente da autarquia, Maria José Gonçalves, que alegou “não ter sido envolvida” na sua elaboração decidida “unilateralmente” pelo presidente da autarquia, um outro vereador do PSD não marcou presença na reunião camarária que aprovou o documento, por se encontrar em gozo de férias.
Em comunicado, a que a agência Lusa teve hoje acesso, o secretariado do PS de Ponte da Barca alega ser “inaceitável para a imagem e bom nome do partido correr a ideia junto da população de que a crise política no seio do executivo PSD foi resolvida através da compra do vereador da oposição”.
“É hoje evidente que, no exercício do mandato autárquico, Inocêncio Araújo criou na opinião pública a desconfiança de utilização do seu cargo de vereador para obtenção de vantagens pessoais como funcionário da Câmara Municipal de Ponte da Barca”, sustenta o partido.
Para o PS, a “divulgação pública da decisão tomada por Inocêncio Araújo de aceitar integrar o executivo de Augusto Marinho surgiu no dia seguinte a uma promoção profissional, isto é, à sua passagem de encarregado operacional para a carreira e categoria de Técnico Superior, sob proposta do presidente de Câmara, deliberada na reunião de dia 20 de dezembro de 2018”.
“O secretariado do PS, em defesa da ética e da moral ao serviço da política, entende que Inocêncio Araújo não tem condições para continuar e deverá renunciar, imediatamente, ao mandato de vereador, fazendo cessar uma situação inaceitável de suspeição e de conflito de interesses”, defende.
Inocêncio Araújo, adjunto do anterior presidente socialista da Câmara de Ponte da Barca, Vassalo Abreu, que não se recandidatou nas últimas eleições por ter atingido o limite de mandatos, encabeçou a lista do PS às autárquicas de 2017.
Na altura, o PS apontou a “larga experiência” de Inocêncio Araújo, de 41 anos, classificando-o como “um homem de convicções firmes e princípios sólidos”.
Inocêncio Araújo integrou, durante 12 anos, os executivos do PS e desempenhou, durante três mandatos, as funções de presidente da Junta de Freguesia de Entre Ambos-os-Rios.