A concelhia do PS de Ponte da Barca exigiu à maioria social-democrata que lidera a Câmara um comportamento de “responsabilidade, estabilidade e verdade” face ao que classificou de “mais uma reviravolta” na composição do executivo municipal.
Na primeira reunião ordinária da Câmara de Ponte da Barca de 2019, realizada a 10 de janeiro, o presidente da Câmara de Ponte da Barca anunciou a nomeação de um dos três eleitos do PS como vereador a meio tempo na maioria PSD e a introdução de rotatividade na vice-presidência, até aí desempenhada por Maria José Gonçalves.
“Passados apenas 15 dias os barquenses são confrontados com um novo comunicado, dando conta de mais uma reviravolta no executivo municipal, informando que, em virtude da pública desarticulação política, a vereadora Maria José Gonçalves deixará de exercer as presentes funções em regime de tempo inteiro e ainda da aceitação do pedido de suspensão de mandato do vereador José António Ribeiro da Costa, pelo período de 180 dias”, denuncia a concelhia do PS.
A agência Lusa tentou, mas não conseguiu ouvir o social-democrata Augusto Marinho.
Para o PS, o presidente da Câmara “deve uma explicação clara e inequívoca aos barquenses sobre o que, efetivamente, se passa com o executivo municipal e sobre as verdadeiras razões das constantes trapalhadas que mancham o bom nome e a dignidade do concelho”.
A concelhia do PS adianta que o comunicado emitido pela Câmara Municipal sobre as alterações introduzidas “é pouco claro, não refere os verdadeiros motivos da nova situação, e é simultaneamente pouco transparente, omitindo que os pelouros foram retirados à vereadora”.
“Mais grave ainda são as afirmações proferidas pela vereadora Maria José Gonçalves num comunicado por ela emitido, onde afirma que volvidos 15 dias da redistribuição de pelouros ainda não se definiram as competências dos vereadores da Câmara e que os verdadeiros decisores políticos não são os eleitos, são um conjunto de pessoas, certamente autorizados pelo senhor presidente, que chantageiam, ameaçam, negoceiam, violam privacidade, difamam, decidem”, acrescenta a nota do PS.
Num despacho de delegação de competência assinado pelo autarca Augusto Marinho, datado do dia 23 e hoje consultado pela Lusa no sítio oficial da Câmara de Ponte da Barca na Internet, Maria José Gonçalves tem sob sua alçada as pastas da Educação, Desporto, Apoio Social, Arquivo Municipal, Toponímia e Transportes.
Segundo os socialistas, “o cenário criado por este executivo em apenas 15 meses de governação está a colocar em causa a prestação de um serviço público de qualidade ao concelho de Ponte da Barca, bem como a trair toda e qualquer expectativa dos barquenses que os elegeram”.
Em outubro, a então vice-presidente da autarquia, de 55 anos absteve-se na votação do orçamento para 2019, alegando “não ter sido envolvida” na sua elaboração decidida “unilateralmente” pelo presidente da autarquia.
Em dezembro, a professora, disse à Lusa estar a ser vítima de ‘bullying’ laboral por parte do presidente Augusto Marinho, depois de se ter abstido na votação do orçamento para 2019.
“Estou a ser, literalmente, vítima de ‘bullying’ laboral (?) de forma muito mais evidenciada depois do meu sentido de voto. Contrariamente ao que o senhor presidente disse, que era uma atitude perfeitamente democrática, as situações que se têm verificado traduzem, claramente, o intuito de me vencer pelo cansaço, levar-me a desistir”, disse.
O orçamento para 2019 da maioria PSD foi viabilizado por um dos três vereadores eleito pelo PS. Por despacho do presidente da câmara, Inocêncio Araújo passou a vereador a meio tempo e, viu ainda aprovada, por maioria, a sua promoção de encarregado operacional a técnico superior da Câmara de Ponte da Barca.
O apoio de Inocêncio Araújo à maioria PSD está na origem do pedido de expulsão do partido que a concelhia local do PS enviou, em dezembro, para o conselho de jurisdição da federação distrital.
A expulsão foi decidida na sequência de uma proposta do secretariado local de retirada da confiança política a Inocêncio Araújo, entretanto, convidado a integrar o executivo camarário liderado pelo PSD.