A Comissão Política Concelhia de Vila Verde do PS considera que “o Orçamento Municipal de Vila Verde do ano de 2024 esqueceu-se dos vila-verdenses”, afirmando “haver mais receita e mais despesas, só que menos investimento”.
Em comunicado, o Partido Socialista refere que, “após cuidada análise do Orçamento e Grandes Opções do Plano para 2024, o PS só poderia votar contra, este seria certamente o voto de qualquer vila-verdense que conhecesse em detalhe este orçamento”.
“É um orçamento que não vai de encontro às verdadeiras necessidades da população, orçamento sem rasgo, sem ideias, sem qualquer perspetiva de futuro, é basicamente um orçamento de manutenção”, diz o PS em comunicado enviado a O MINHO.
O PS quantifica ter um valor total de 49 milhões de euros (mais 5 milhões de euros face ao ano anterior), receita corrente de 42 milhões de euros (mais 4 milhões de euros face ao ano anterior), despesa corrente de 36 milhões de euros (mais 6 milhões face ao ano anterior) e despesa de capital/investimento: 10 milhões de euros (menos 2 milhões de euros face ao ano anterior)”.
“Este não é o caminho que ambicionamos para Vila Verde, em momentos como os que estamos a viver, necessitávamos de um orçamento direcionado para as pessoas, não com promessas, mas sim com propostas concretas com impacto direto na vida dos vila-verdenses”, afirma o PS, num comunicado com gráficos dissecando a sua análise ao orçamento de 2024, concluindo que efetivamente é um orçamento recorde, com mais receitas, mais despesas, mas com menos investimento nos vila-verdenses”.
Detalhando os principais números do Orçamento e Grandes Opções do Plano para 2024, a Comissão Política Concelhia do PS de Vila Verde é de opinião que “em relação à receita corrente, o aumento em face do ano anterior, deve-se essencialmente a aumento de impostos cobrados pelo município (mais 2 milhões de euros), taxas e multas (mais 300 mil euros), transferências correntes do Estado (mais 1.4 milhões de euros) e ainda cobrança de bens e serviços/água e saneamento (mais 500 mil euros)”.
“Em relação à despesa corrente, o aumento face ao ano anterior, deve-se essencialmente ao aumento de despesas com pessoal (mais 4 milhões de euros), neste momento, a Câmara tem um gasto de 16 milhões de euros (32% do orçamento) com despesas com pessoal, que representa 665 funcionários e prevê a necessidade de contratar mais 89 em 2024”, refere o Partido Socialista.
“Já em relação à despesa de capital/investimento, como se constada nos gráficos anexos, há uma redução de 2 milhões de euros face ao ano anterior, esse valor é canalizado em grande parte para construção e manutenção de infraestruturas (estradas, saneamento e captação de água), mas de resto não existe qualquer investimento significativo”, acrescenta o PS de Vila Verde.
“Festas e fotografas para o Facebook”
“Pensamos assim que os vilaverdense esperavam e mereciam bem mais da gestão da autarquia, muito mais do que uma gestão centrada em festas e fotografias para o Facebook, este orçamento mostra essencialmente a falta de planificação e ambição, é um orçamento elaborado apenas para cumprir calendário e executar serviços mínimos”, segundo considera o PS de Vila Verde.
“Entrando na parte mais importante do orçamento, as Grandes Opções do Plano (GOP), ou seja, a componente que não é consumida pela gestão do município, infelizmente para o GOP ‘sobram’ apenas 25 milhões de euros (exatamente o mesmo valor que no ano anterior), apenas 52% do orçamento, a gestão municipal consome 48% do orçamento global de 49 milhões de euros, assim sendo, podemos concluir que o aumento no orçamento geral face ao ano anterior (mais 5 Milhões de euros) não vão para investimento mas sim para manter a máquina do município a funcionar”, segundo acrescenta o PS de Vila Verde.
“Ao contrário do que a senhora presidente da Câmara de Vila Verde apregoa, este orçamento não apresenta qualquer preocupação a nível social, a nível da habitação, não valoriza a agricultura, não promove o turismo e a cultura e não apresenta medidas concretas para a fixação da população mais jovem no concelho e segundo o orçamento aprovado pela maioria PSD em Assembleia Municipal, apenas 1.57% (773 mil euros) será destinado a apoios sociais, 0.28% (140 mil euros) a habitação, 0.18% (92 mil euros) a agricultura e 0.05% (25 mil euros) a turismo”, destaca-se na análise do Partido Socialista.
“Com estes valores aqui quantificados é difícil acreditar no discurso propagandista da senhora presidente da Câmara, como podemos comprovar, os números não batem certo com o discurso, não sendo admissível que um concelho como o de Vila Verde, não aproveitar as inúmeras vantagens do seu meio rural e da localização privilegiada”, acrescenta.
“Há uma clara falta de aposta na agricultura (a Festa das Colheitas não é agricultura) e na promoção do turismo, e pior, uma falta de sensibilidade nos apoios sociais e habitação, é em momentos como os que estamos a viver que a população mais necessitava deste tipo de apoios, de alguém que está no terreno e conhece as necessidades da população, não basta apoiar-se nas ajudas prestadas pelo Estado e ‘assobiar’ para o lado, não basta tirar fotografias com os mais necessitados, não basta fazer festas para os nossos idosos e chamar a isso apoios sociais”, segundo diz a Comissão Política Concelhia de Vila Verde do PS.
“Cultura é o Museu do Vinho”
“Para a cultura serão alocados 2.38% (1.1 milhões de euros), seria um valor mais que suficiente se realmente esse valor fosse investido na cultura, este valor será alocado em grande parte à criação do ‘Museu do Vinho’ (473 mil euros), que na nossa opinião não passa de uma ‘manobra’ para arranjar verbas para terminar a ‘Adega Cultural’, que apesar de já ter custado aos vilaverdenses 2.6 milhões de euros ainda não está terminada”, destaca-se ainda no comunicado emitido pelo PS de Vila Verde.
“Para além do ‘Museu do Vinho’, cerca de 492 mil euros serão gastos nas três festas concelhias (o Namorar Portugal, o Santo António e a Festa das Colheitas), fazendo as contas não parece sobrar muito para ‘cultura’, temos uma serie de instalações e instituições no concelho que apenas servem de ‘fachada cultural’, sem qualquer atividade relevante e sem atribuição de verbas orçamentais relevantes que lhes permitam desenvolver qualquer atividade de valor”, afirma o Partido Socialista de Vila Verde.
“A Câmara Municipal de Vila Verde vai pagar cerca 63 mil euros a um artista, por um trabalho de 90 dias, para execução e colocação de obra alusiva aos lenços dos namorados, o que o Partido Socialista considera ser um insulto aos vilaverdenses, já sabíamos que a excelentíssima senhora Presidente da Câmara tem uma paixão desmedida pelos lenços dos namorados, mas isto parece-nos demais, gostaríamos de saber qual o retorno financeiro que os vilaverdenses obtêm com esta paixão”, diz o PS.
“A criação do ‘Museu do Vinho’, é mais uma prova da aposta por parte do executivo da Câmara Municipal de Vila Verde e do PSD na agricultura e nos agricultores, para a agricultura 25 mil euros para o museu 473 mil euros, enfim gasta-se mais em festas para celebrar e promover a agricultura do que propriamente na agricultura”, ainda segundo considera o PS de Vila Verde.
“Ao desporto, recreio e lazer serão alocados 1.86% (916 mil euros) do Orçamento, sendo um valor razoável tendo em conta as inúmeras instituições no concelho que prestam este tipo de apoio à comunidade, destacando aqui os subsídios atribuídos para as atividades desportivas (330 mil euros) e o início da requalificação de três campos de futebol (Marrancos, Cabanelas e Vila Verde), neste último ponto finalmente Cabanelas obteve a atenção por parte da Câmara, porque será!?”, considera o PS.
“A grande fatia deste orçamento é alocada à educação, através da transferência de competências, 11.57% (5.6 milhões de euros) destaco aqui o valor pago pelas refeições confecionadas 1.7 milhões de euros, lembro que o Partido Socialista propôs em Assembleia Municipal que as refeições passassem a ser confecionadas nas escolas, melhorando desta forma a qualidade das mesmas, uma vez que tem sido recorrentes os relatos dos pais e associações de pais relativamente a este tema, no entanto, a proposta do PS foi recusada pela maioria PSD, alegando que as reclamações não tinham fundamento”, segundo refere o PS.
“Neste orçamento também já está presente a transferência de competências na área da saúde, onde será alocado 1.11% (545 mil euros), este valor parece-nos claramente insuficiente tendo em conta as necessidades da população, este valor vai quase na sua totalidade para a requalificação do centro de saúde de Vila Verde (530 nil euros)”, assinala também o PS de Vila Verde.
“Juntamente com a educação, as outras duas áreas que captam a maioria do valor do orçamento são o saneamento 8.57% (4.2 milhões de euros) e transportes rodoviários/estradas 5.50% (2.6 milhões de euros), estas duas últimas rubricas têm sido uma repetição dos últimos orçamentos com obras e valores a passarem de uns anos para os outros, obras intermináveis”, acrescenta.
“Realçamos aqui também o facto de que, neste orçamento não existe qualquer verba significativa para a continuação da Ecovia do Cávado/Homem, talvez pelo facto de terem esgotado toda a verba disponível para ecovia apenas num troço, cerca de três quilómetros do Faial a Porto Carrero (1.8 milhões de euros), para o resto da eco(luxo)via vamos ter de esperar.”, afirma o PS.
“Como já realçamos, a Câmara de Vila Verde tem um gasto de 16 milhões de euros (32% do orçamento) nas despesas com o pessoal, tem neste momento 665 funcionários e prevê a necessidade de contratar mais 89 em 2024, realçando-se também o facto de que, a Câmara realiza diversos contratos de prestação de serviços com terceiros (na área da contabilidade, serviços jurídicos e financeiros), ou seja, nos 665 funcionários não há pessoal qualificado para realizar tal tipo de trabalhos?”, diz o PS.
“É estranho, mas em suma, o Partido Socialista não pode fechar os olhos a este orçamento, um orçamento que em nada defende o bem-estar dos vila-verdenses, que em nada protege os mais vulneráveis, que em nada cria condições para fixação da população em Vila Verde, que em nada valoriza a nossa agricultura, turismo e lazer, enfim, que em tudo é vazio”, conclui.