O PS/Braga criticou hoje o atraso do projeto para requalificação e transformação do antigo cinema S. Geraldo em Media Arts Centre, acrescentando que o espaço terá uma programação “censurada”, já que não poderá “afrontar o ideário católico”.
Pela voz do vereador Adolfo Macedo, o PS aludiu a um “desbaratar do dinheiro público”, considerando que o município arrendou o edifício, há mais de quatro anos, por um valor mensal de 12.500 euros e, “ao que parece, ainda nem sequer há projeto”.
“Já terão sido pagos em rendas mais de 600 mil euros”, adiantou, para sublinhar que o município “não acautela uma boa gestão” dos dinheiros públicos.
O mesmo vereador aludiu a uma cláusula do contrato de arrendamento pela qual o senhorio, no caso a Arquidiocese de Braga, decreta que a programação do futuro espaço não pode ir contra os princípios e valores da igreja católica.
“Como vai ser feita essa censura? Envia-se a programação para visto prévio da Igreja? Vai haver lápis azul?”, questionou o vereador, que é também vocalista da banda musical Mão Morta.
Na resposta, o presidente da Câmara, Ricardo Rio, disse que o projeto de arquitetura “está finalizado”, encontrando-se apenas pendente da realização de sondagens para aferir da capacidade do edifício de comportar mais um piso.
“Se assim acontecer, avançaremos de imediato para as especialidades e esperamos ter o projeto em concurso ainda este ano”, acrescentou.
Disse ainda que o projeto “teve várias etapas”, começando por uma memória descritiva inicial, após o que foram equacionadas algumas possibilidades e feito um estudo de outros equipamentos semelhantes nacionais e internacionais, num trabalho de referenciação daquilo que seriam as necessidades para uma unidade do género.
Foi então elaborado o projeto de arquitetura, que ficou concluído recentemente.
O piso superior em equação poderá ter capacidade para mais de 500 pessoas, o que, para Ricardo Rio, poderá ser uma “enorme mais-valia”, criando um “verdadeiro quarteirão cultural”, juntamente com o Theatro Circo.
Em relação ao “controlo” da programação, para não colidir com os princípios da igreja católica, Ricardo Rio disse que essa cláusula foi imposta pela arquidiocese, mas sublinhou que será tudo uma questão de “bom senso”.
“Não estamos a falar de controlo ao evento, será feito dentro de um espírito de colaboração que, obviamente, se quer salvaguardar, enquanto este espaço for propriedade da arquidiocese”, acrescentou.
O contrato vigora até 2027, mas Ricardo Rio disse que o município quer comprar o edifício logo que disponha das condições financeiras necessárias, eventualmente ainda no decorrer no atual mandato.