O grupo socialista na Assembleia Municipal de Braga classificou, sexta-feira à noite, como sendo “abominável” a atitude da Área Metropolitana do Porto (AMP) de acabar, no princípio de dezembro, com a linha de transporte por autocarro entre as duas cidades, através da A3.
O líder dos deputados do PS, João Nogueira disse, ainda, que a medida da AMP foi “irresponsável”, já que foi comunicada quase em cima da hora: “a Comunidade Intermunicipal do Cávado tentou contactar a secretária executiva da AMP e esta nem atendia o telefone, deixando arrastar o problema”, lamentou.
O deputado municipal revelou que o assunto foi amplamente debatido em reunião de líderes da Assembleia Intermunicipal do Cávado, tendo-se concluído que a continuidade da linha de autocarro era da responsabilidade da Área Metropolitana: “encontrou-se uma solução graças à cooperação entre os municípios do Porto e de Braga, mas a resolução final do problema é de grande complexidade jurídica”, sublinhou.
João Nogueira abordou o tema após João Marques, do grupo parlamentar do PSD, ter apresentado um voto de louvor – aprovado com a abstenção da CDU e do BE – à atuação dos dois municípios nortenhos e ao trabalho realizado por Rafael Amorim, secretário-executivo da CIM-Cávado na resolução do problema: “espera-se que a AMP, a quem a «carreira» pertence legalmente, dê a necessária autorização para que a CIM possa assumir a linha de autocarro de forma definitiva, a qual, e importa dizê-lo, serve Braga mas também o Porto”, disse o deputado do PS.
Utente lamenta supressão de horários
No início da reunião, uma utente da linha congratulou-se com a sua reabertura, ocorrida segunda-feira, mas lamentou que tenha havido supressão de alguns horários, o que causa prejuízos a alguns cidadãos.
Usando da palavra, os representantes da CDU, do BE e do PAN, congratularam-se com o acordo entre Braga e Porto, mas lamentaram a intervenção pouco célere da CIM. Pedro Casinhas da CDU lembrou que muitos dos utentes vão ao Porto para tratamentos em unidades de saúde, nomeadamente ao IPO (Instituto de Oncologia), porque em Braga não têm as respetivas valências.
Ontem, e conforme O MINHO noticiou, os municípios da AMP aprovaram uma adenda ao Acordo de Partilha respeitante referente à Ligação Porto – Braga pela A3 com a Comunidade Intermunicipal do Cávado (CIM), cujo serviço foi suspenso no início do mês de dezembro, com a entrada em funcionamento da Unir.
Na ocasião, e em declarações à Lusa, o presidente da AMP, o autarca de Gaia Eduardo Vítor Rodrigues reiterou que tudo com o qual a AMP se comprometeu no acordo assinado em 2019 foi cumprido, não fazendo esta linha parte das prioridades definidas à data pela CIM do Cávado.
O autarca considera que a AMP foi apanhada “por uma tentativa de manipulação”, sublinhando que a adenda colocada a votação nada tem a ver com a AMP, “é inclusão de uma linha que a CIM do Cávado se esqueceu.