O Comandante Nacional de Emergência e Proteção Civil revelou hoje que havia o perigo de o Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal, que garante as comunicações, deixar de funcionar totalmente às 05:00 de terça-feira.
Durante a falha de energia que ocorreu esta segunda-feira registaram-se várias “quebras do SIRESP”, mas poderia haver “uma quebra total às 05:00 da manhã”, revelou Mário Silvestre, numa conferencia de imprensa realizada hoje, 48 horas após o início do apagão, para apresentar a resposta da proteção civil à interrupção da rede elétrica nacional.
À Lusa, Mário Silvestre explicou que o Centro de Coordenação Operacional Nacional (CCON), que foi ativado à hora de almoço de segunda-feira, foi informado pelo SIRESP de que poderia haver uma falha total do serviço durante a madrugada e que esta foi uma das razões pelas quais foi ativado o alerta laranja.
A falha de energia ocorreu por volta das 11:30 em Portugal e o alerta laranja foi ativado ao final da tarde para garantir um reforço das equipas de socorro, por questões de prevenção e precaução.
“O número de ocorrências não estava a aumentar por via do evento. O estado de prontidão teve a ver com o que se aproximava nas próximas horas, ou seja, do que era expectável poder vir a acontecer e felizmente não aconteceu”, explicou por seu turno o presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
José Manuel Moura reconheceu que ao final do dia começou a haver “sinais de alguma recuperação em alguns concelhos, como Abrantes e Santarém”, mas também havia muitos outros concelhos onde a população estava em risco de deixar de ter abastecimento de água.
A este problema somava-se “a eventualidade de ser preciso realizar mais transportes de doentes de um hospital para outro”, acrescentou, sublinhando que o Alerta Laranja garante que há mais gente disponível para poder fazer face a um incremento de ocorrências, que não chegou a acontecer.
José Manuel Moura sublinhou ainda que o SIRESP “não é da responsabilidade da ANEPC”, que por sua vez “conseguiu através da rede operacional de bombeiros manter redundâncias e assim funcionar através de mobilização de equipas”.
“Não há sistema nenhum que seja infalível”, corroborou Mário Silvestre, salientando o trabalho a rede estratégica da proteção civil e de bombeiros que garantiu que o socorro não tivesse sido comprometido.
O evento que deixou o país sem eletricidade durante o dia de segunda-feira foi “uma ocorrência inédita, inopinada”, mas “o resultado final são zero vítimas”, sublinhou José Manuel Moura, que descreveu, passo a passo, todas as ações levadas a cabo pelas autoridades, desde o momento em que se deu o apagão.
As equipas começaram por fazer “uma avaliação do primeiro ponto de situação poucos minutos volvidos” da ocorrência e às 12:05 estava estabelecido “um plano de comunicações de crise ao nível estratégico”.
O presidente da ANEPC recordou que num primeiro momento não se sabia com que tipo de evento se estava a lidar: Tanto poderia ser um caso de proteção civil, como de socorro ou de proteção interna.
A prioridade na coordenação foi sempre garantir a continuidade de funcionamento dos hospitais e outros sítios críticos, o que só seria possível se os geradores estivessem a funcionar e não acabassem os combustíveis necessários para os manter em funcionamento.
José Manuel Moura revelou que depois do almoço estava feito o levantamento das entidades que precisavam de gerador, mas o trânsito em algumas zonas acabou por dificultar o transporte de combustível.
Ao centro operacional chegavam informações como “no Hospital A falta uma hora para ficar sem energia”, recordou, sublinhando que nem todos os serviços de saúde estão equipados como o Hospital e Santa Maria, que tem equipamentos que permitem “algum conforto”.
José Manuel Moura saudou o trabalho das equipas que não concorreram “para aumentar o número de vítimas” e lembrou apenas que “volvidas 48 horas ainda não se sabe a causa deste apagão”.