A delegação de Braga do PCP veio hoje a publico criticar o anuncio do Governo relativamente à nova linha de alta velocidade Porto-Lisboa, apontando que a mesma não resolverá problemas estruturais da ferrovia na região de Braga, como é o caso da ligação entre as principais cidades do distrito Braga-Guimarães.
A nova linha de alta velocidade Porto-Lisboa vai permitir fazer a viagem entre Braga e Lisboa em cerca de duas horas. “Braga ficará a duas horas [de Lisboa]”, garantiu Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruras e da Habitação, na apresentação do projeto.
O plano contempla ainda a construção de duas novas estações no Minho – em Braga e Valença. A obra será feita em duas fases, sendo que a partir de 2026 será iniciada a construção da linha de alta velocidade entre Braga e Valença, mas também entre o Porto e o Aeroporto Francisco Sá Carneiro. Esta primeira fase da obra deverá terminar em 2030.
De acordo com o PCP, esta “é uma infraestrutura absolutamente estratégica para o país e para a rede ferroviária nacional, cuja construção o PCP vem reivindicando há dezenas de anos”.
Mas o partido considera que o projeto “deve necessariamente ser integrado numa perspetiva mais abrangente de reforço do transporte ferroviário e articulado com os investimentos que são urgentes realizar, nomeadamente a concretização da ligação ferroviária directa entre os concelhos de Braga e de Guimarães”.
“Não havendo uma linha ferroviária que una os dois concelhos diretamente, para utilizar o comboio é necessário trocar de linha em Lousado, concelho de Vila Nova de Famalicão, e ali apanhar o comboio que liga o Porto a Guimarães”, expõe o PCP.
E calcula: “Em média, a viagem ferroviária entre Braga e Guimarães demora uma 01:32 horas para percorrer a distância de apenas 25 km que separa os dois concelhos. É como se esta distância fosse percorrida a 16 km/h”.
Os comunistas afirmam que a “inexistência de uma cintura ferroviária entre as quatro maiores cidades da região (Braga, Guimarães, Barcelos e Vila Nova de Famalicão), juntamente com a destruição de linhas férreas – como a ligação entre Guimarães e Fafe ou Vila Nova de Famalicão e Póvoa de Varzim – e o adiamento de importantes investimentos são alguns dos fatores que limitam a importância estratégica e estruturante do caminho-de-ferro”.
“A modernização da linha do Minho, defendida pelo PCP há décadas, é exemplo flagrante da falta e atraso do investimento, só recentemente foi iniciada e já se depara com atrasos em relação à calendarização estipulada”, acusam.
O PCP diz ainda que o ministro afirmou que a ligação Porto–Lisboa demorará 01:15. “Deduz-se assim que a viagem Braga–Porto demoraria, pelo menos, 45 min. No entanto, segundo os horários em vigor, o serviço alfa pendular já faz esta viagem em apenas 37 minutos”, diz o partido.
Referem ainda que o Governo “nada diz acerca destas ligações ferroviárias necessárias concretizar na região, limitando-se a adiantar intenções vagas sobre a alta velocidade, com datas longínquas e projectos cuja concretização depende não apenas de capacidades nacionais mas também de decisões políticas das autoridades espanholas”.
“Neste processo não pode ser ignorado que a expansão da rede ferroviária implica um planeamento com profundidade, para mais em zona de tão elevada densidade populacional, o que mostra bem a falta de serviços públicos de planeamento que foram desmantelados no passado”, considera o PCP.