Projetos criativos impulsionam turismo em concelhos do Minho e Trás-os-Montes

Esposende, Amares, Montalegre, S, João da Madeira e Ribeira de Pena

O que têm em comum, Esposende, Amares, Montalegre, S, João da Madeira e Ribeira de Pena? Projetos de turismo criativo que permitem atrair pessoas a municípios mais pequenos e a áreas rurais. Inserido num projeto nacional intitulado ‘CREATOUR’, constituído por 5 centros de investigação de 5 universidades portuguesas e dividido por quatro N.U.T.S. II. A unidade de investigação ‘Lab2PT’ da Universidade do Minho está a coordenar a parte que engloba a Região Norte de Portugal Continental.

A coordenação da região Norte está a cargo da professora doutora Paula Remoaldo e está englobado numa tese de doutoramento sobre a parte do Noroeste de Portugal desenvolvida por Ricardo Gôja. A região Norte abarca 10 projetos-piloto nacionais desenvolvidos por empresas, instituições públicas ou autarquias.

“Nas últimas décadas, o turista cultural tornou-se mais exigente com a qualidade da oferta dos destinos turísticos existentes. Esse tipo de visitante passou a exigir um contacto mais direto com a cultura da comunidade ou território por meio de atividades. Por outro lado, os destinos turísticos existentes, especialmente pequenas cidades e áreas rurais, precisam atrair mais visitantes, aprimorar, valorizar e promover recursos turísticos e criar produtos turísticos mais inovadores, diferenciadores e autênticos”, refere o investigador da UMinho.

Para Ricardo Gôja foram estas duas razões que “levaram à necessidade de desenvolver um turismo criativo para pequenas cidades e áreas rurais, a fim de atrair mais visitantes e, por sua vez, desenvolver sua economia local e regional”, acrescentando que “para isso, é necessário criar projetos criativos e inovadores, a fim de contribuir para o desenvolvimento de destinos turísticos culturais criativos”.

Projetos

Os projectos que estão sob a alçada da UMinho incluídos neste programa nacional abarcam diferentes expressões e áreas artísticas. O ‘Encontrarte’ de Amares é um certame bianual que desenvolve várias iniciativas ligadas às artes desde a música, passando pela arte e acabando no desenho: “é um festival com um conceito de arte contemporânea criado em contexto mais tradicional/etnográfico e é isso que lhe dá particularidade e atrai bastantes pessoas”.

Os trabalhos de preservação e divulgação do junco com a criação de modelos tradicionais e contemporâneos é o projecto que envolve Esposende. Já Montalegre participa através da ‘LRB’, onde a Realidade Aumentada assume o papel principal divulgando informação sobre a comunidade local, nomeadamente, o património e as tradições ligadas ao linho e à lã.

A Adere-Peneda Gerês desenvolveu um projecto baseado nos cinco sentidos, um para cada Município que integra a Associação, “dinamizando acções para que as pessoas e entidades locais preservem o seu património”, refere ainda o investigador. O turismo industrial ligado à chapelaria, calçado e lápis é o contributo de São João da Madeira, e Ribeira de Pena participa com o linho.

Monitorização

Cabe à Universidade do Minho acompanhar todas as actividades que são desenvolvidas pelos 10 projetos-piloto da região Norte, fazendo a sua avaliação e dando possíveis sugestões. “Damos dicas para melhorar alguns aspectos sobretudo ao nível da comunicação das iniciativas”. Uma das primeiras conclusões aponta a crescente participação de pessoas não locais, alguns vindos do estrangeiro. “Porque há uma relação entre os mentores do projecto, os participantes e a comunidade local, isso faz com que haja a vontade de repetir a experiência convidando outros para usufruírem dessa partilha”.

Turismo criativo tem potencial?

Ricardo Gôja não tem qualquer dúvida que o turismo criativo “deve ser o caminho que municípios com pequena/média dimensão têm que seguir no futuro. É uma área com muito potencial e deve ser baseado naquilo a que se convencionou chamar de turismo de experiências”.
Outro fator apontado pelo investigador passa “pela criação de uma rede entre vários municípios, valorizando o que se existe e criando outros pacotes que possam ser mais-valias para esses territórios”. Ricardo Gôja salienta ainda, “os benefícios para a comunidade local que este tipo de turismo pode trazer, porque se sente valorizada”.

CREATOUR

O ‘CREATOUR’ é um projeto nacional de três anos, cujo objetivo “é desenvolver uma abordagem integrada e pilotar uma agenda de investigação centradas no turismo criativo em pequenas cidades e áreas rurais em Portugal, combinando uma investigação multidisciplinar com o desenvolvimento de uma rede de projetos-piloto de turismo criativo”.

Por isso, promove atividades de turismo criativo interativas e à escala humana, construídas com base em tradições culturais locais, aptidões, conhecimentos e práticas artísticas emergentes, ambicionando contribuir para o desenvolvimento sustentável das comunidades locais em todo o país.
No fundo o projecto pretende criar novos destinos turísticos criativos em pequenas cidades e áreas rurais áreas nas quatro N.U.T.S. II de Portugal Continental: Norte, Centro, Alentejo e Algarve.

 
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