Restaurante de Braga já tem ementa em Braille para clientes cegos

Projeto que normaliza menus inclusivos
Foto: Divulgação

Um projeto idealizado há 13 anos para criar menus em Braille, mas que esteve na gaveta durante todos estes anos, pretende agora normalizar em todo o país estas ementas. A ideia, do bracarense Eduardo Gonçalves, foi retomada ao lado da atriz ucraniana Veronica Litkevich, que está em Braga há um ano. Os primeiros ‘kits’ foram entregues esta semana.

Segundo Eduardo, a ideia do Guia Braille é expandir a nível nacional e criar estrutura para criar inclusão em restaurantes, cafés e bares.

O Guia Braille também disponibiliza menus para pessoas com visão reduzida, que têm as suas fontes quatro vezes maior que as outras ementas.

O “embrião” do projeto surgiu quando Eduardo tinha um clube de jazz em Braga e contava com alguns clientes que eram cegos e professores de Braille. Na altura foi criado em conjunto um menu para aquele estabelecimento. O café fechou depois de algum tempo, o autor da ideia continuou na restauração e na altura seguiu por outro caminho.

“Mas o bichinho ficou na minha cabeça por achar que não é normal não existir o Braille no cotidiano. Eu quero ser lembrado por alguma coisa e esta é a minha missão neste momento”, disse Eduardo Gonçalves, ao lado de Veronica Litkevich, a O MINHO.

Foto: Divulgação

O primeiro ‘kit’ foi entregue esta semana ao restaurante Águas de Bacalhau, do chef Maumau Horsth, terceiro lugar no ‘reality show’ Hell’s Kitchen. O próximo vai ser o Shakai, e já há cerca de outros 10 para os próximos meses.

No ato simbólico de entrega ao Águas de Bacalhau também estiveram presentes as embaixadoras da marca Guia Braille, as atletas paralímpicas Sara Araújo e Márcia Araújo, do SC Braga e da Seleção Nacional.

Eduardo explica que a marca conta com agentes em Guimarães e Lisboa, a apresentação está a ser preparada, e já há restaurantes a procurarem o menu em Braille. Para o mentor do projeto, a acessibilidade em restaurantes ainda é muito reduzida em Portugal, e lembra que o cego de hoje tem vida própria e independência.

“O nível de acessibilidade é zero. Nós chegamos a um restaurante, sem contar com as obrigações, aquelas estruturas que estão em lei, como para um cadeirante, ter casa de banho para pessoas com necessidades especiais, não há nada. De resto “não há uma preocupação”, diz.

“As pessoas precisam perceber que o cego de hoje não é como o de antigamente. O cego de hoje tem individualidade, passeia, vai às lojas, têm a sua vida pessoal normal”, acrescenta.

Para além do menu, os espaços aderentes serão certificados pelo Guia Braille e recomendados nas suas redes sociais.

 
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