A família Serrano Mira, produtora dos vinhos alentejanos da Herdade das Servas, em Estremoz (Évora), vai lançar em março os seus primeiros vinhos verdes, fruto da aquisição da histórica quinta da Casa da Tapada, em Amares.
“É a continuidade da tradição da família. A nossa tradição não deixa de ser a de fazer vinho, vamos é fazê-la agora também numa outra região”, destacou hoje à agência Lusa Luís Serrano Mira.
A aposta na Região dos Vinhos Verdes por parte dos irmãos Luís e Carlos Serrano Mira, proprietários da Herdade das Servas, surge enquadrada na compra, no ano passado, da Casa da Tapada.
A quinta, situada na freguesia de Fiscal, no concelho de Amares, tem 24 hectares de vinha, 12 de mata e dois de casario.
Segundo Luís Serrano Mira, a quinta “já não produzia vinho desde 2011, desde que estava na posse da FUJIFILM”, e as suas vinhas “estavam alugadas para outros transformarem as uvas”.
“Aquilo que fizemos, quando adquirimos o solar, foi recuperar e reformular imediatamente a adega e colocá-la a funcionar e, este ano, já lá fizemos vinho”, explicou.
O trabalho da equipa de enologia da família Serrano Mira vai poder ser apreciado nos dois vinhos, referentes à colheita de 2018, que vão ser lançados durante o mês de março, com as marcas CT e a histórica Casa da Tapada, ambas DOC Vinho Verde.
O produtor realçou que “a marca CT vai ser o vinho mais acessível, enquanto o Casa da Tapada será o vinho de gama média-alta”, ficando ambos disponíveis em restaurantes e garrafeiras especializadas.
Esta aposta no Minho, vincou, vai ao encontro de “uma ambição” da família de produzir vinhos em mais regiões do país e a Região dos Vinhos Verdes foi “um passo relativamente natural”.
“Sempre gostámos muito de vinho verde e o meu avô sempre teve presente vinho verde em casa porque um grande amigo dele o produzia. Por isso, foi algo que nos acompanhou e essas memórias ficaram”, lembrou.
Além disso, “os vinhos verdes são muito frescos e com um potencial muito grande. São completamente diferentes dos vinhos da nossa região de origem, que é o Alentejo, pelo que são vinhos complementares, não concorrentes”, acrescentou.
A Casa da Tapada foi erguida no século XVI, mais precisamente em 1540, pelo poeta e conhecido humanista Francisco de Sá de Miranda, “responsável pela introdução do movimento literário renascentista” em Portugal e que “ali se instalou e começou a produzir vinho”, explicou o produtor vitivinícola alentejano.
O valor histórico e cultural desta quinta, cujo solar está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1977, “pesou” no investimento da família alentejana: “É uma quinta histórica e nada melhor do que estar rodeado de história para construir vinhos que pretendemos também para a memória das pessoas”, disse Luís Serrano Mira.