Processo de classificação de Sistelo como Paisagem Cultural com início em fevereiro

Sistelo. DR

No vídeo: reportagem do Porto Canal - 6 de janeiro

A Câmara de Arcos de Valdevez e a Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) vão iniciar em 01 de fevereiro o processo de classificação da aldeia de Sistelo como Paisagem Cultural.

Uma reunião a realizar nesse dia “vai servir para planear a tramitação do processo e definir a equipa técnica responsável pelo dossiê”, afirmou esta terça-feira o presidente da Câmara, João Manuel Esteves.

De acordo com o autarca social-democrata, naquele encontro participarão responsáveis da DRCN, da Câmara daquele concelho e da Junta de Freguesia de Sistelo.

A classificação foi anunciada pela Câmara, em dezembro último, como forma de “preservar e valorizar” a paisagem constituída por socalcos de produção agrícola, “únicos no país”, representativos “da relação que o homem desenvolveu com a natureza e a forma como a moldou”.

A abertura do processo de classificação foi publicada em Diário da República no passado dia 10 de dezembro, “numa iniciativa da autarquia junto da DRCN, que colheu a validação superior da Direção-Geral do Património Cultural”.

Aquela aldeia “abrange um alargado espaço de inigualável qualidade ambiental e natural, vizinho do único parque nacional, o Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG)”.

O território é “portador de um notável património etnográfico e histórico, marcado por centenas de anos de ocupação humana que moldaram a paisagem, com destaque para os singulares e excecionais socalcos de produção agrícola, únicos no país, e que valeram já a Sistelo uma outra classificação informal, a de pequeno Tibete português”.

Segundo afirmou esta terça o social-democrata desde que foi conhecida a intenção de classificação da aldeia “já se fizeram sentir os seus efeitos ao nível da atratividade turística”.

“Recebemos pedidos de informação de um conjunto de entidades e particulares interessados no aproveitamento das potencialidades daquele território através de novos investimentos”, sustentou.

A classificação vai ainda permitir, realçou, “a valorização do rio Vez, afastando qualquer interferência na sua beleza e efeitos na paisagem envolvente”.

Os cerca de 20 quilómetros de ecovia que ligam a sede do concelho à aldeia Sistelo, ao longo do rio Vez, e a criação de um Museu da Água ao ar livre são dois projetos “complementares” à classificação, para “reforçar a atratividade” daquele património.

Aquele troço da ecovia está concluído e consiste “num corredor clicável e pedonal que permite a interpretação cultural da paisagem existente e a salvaguarda das margens dos rios Vez.

Já o museu, um investimento de cerca de 800 mil euros, vai ser candidatado aos fundos comunitários do Norte 2020 no âmbito do Património Natural.

“O objetivo é recuperar um conjunto de infraestruturas hidráulicas e colocá-las ao dispor do público que poderá passear pela ecovia e ser informado da importância de todo aquele património”, explicou.

Em setembro de 2015 a Câmara anunciou o parecer desfavorável da Secretaria de Estado do Ambiente, sustentado num parecer emitido pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), à construção de uma barragem no rio Vez, em Sistelo, pelo impacte negativo que o projeto provocaria.

Em causa está um projeto de Aproveitamento Hidroelétrico (AHE) de Sistelo, que prevê a construção de uma central na margem direita do rio Vez, em Sistelo, para produção de energia elétrica, a qual será posteriormente injetada na Rede Elétrica Nacional através de uma linha área com seis quilómetros de extensão.

O projeto, orçado em 12,5 milhões de euros, é da empresa Hidrocentrais Reunidas, foi fortemente contestado pela população local por considerar que a míni hídrica “vai trazer impactos negativos na paisagem, na qualidade da água, e no património”.

 
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