Ficou em prisão preventiva o homem, de 36 anos, suspeito de, em conjunto com outros quatro arguidos, ter espancado um jovem, na altura com 24 anos, à porta de uma discoteca em Fafe.
Como O MINHO noticiou, Dieisson Souza de Oliveira, de nacionalidade brasileira, tinha fugido para os Países Baixos após a rixa, mas foi detido pela Polícia Judiciária de Braga, anteontem, após regressar a Portugal, na zona de Lisboa.
Está indiciado de um crime de homicídio qualificado na forma tentada e de um crime de ofensa à integridade física qualificada.
Presente ao final da tarde de ontem no Tribunal de Guimarães, foi-lhe aplicada a medida de coação mais gravosa, tendo sido encaminhado para o Estabelecimento Prisional de Braga.
Cinco acusados pelo Ministério Público
Dois dos cinco arguidos, todos de nacionalidade brasileira, com idades entre os 20 e os 36 anos, ficaram logo em prisão preventiva, enquanto outros dois elementos do grupo tinham-se colocado em fuga para o Brasil e para os Países Baixos – este último agora detido.
Uma sexta arguida responde por três crimes de ofensas à integridade física.
O MP conta que, naquela madrugada de 29 de maio de 2022, o grupo constituído pela principal vítima, Rui Mendes, e por mais um jovem e duas jovens, dirigiu-se à discoteca Mamma Mia, em S. Gens, Fafe, onde já se encontrava o grupo dos seis arguidos – Igor Sales Maia, Wandson Sales Modesto, Weverton Lopes, Davi Lima Oliveira, Dieisson Souza de Oliveira e Jayna Jade Pacheco e Pacheco.
A acusação relata que um dos arguidos, “que tinha já mantido um relacionamento amoroso” com uma das mulheres que estavam no grupo de Rui Mendes, “dirigiu-se à mesma e abordou-a”, tendo a vítima respondido: “’baza’ daqui, não queremos problemas”.
De seguida, um dos outros arguidos “puxou o cabelo” da outra jovem que acompanhava o grupo da vítima e, ato contínuo, a arguida “desferiu-lhe um murro, o que provocou a sua queda”, tendo, nesse momento, os seguranças do estabelecimento de diversão noturna “conduzido todos os elementos do grupo” dos arguidos para o exterior da discoteca, enquanto o grupo da vítima se manteve no interior.
Agressões filmadas em vídeo amador
O MP refere que, cerca de 30 minutos depois, por volta das 05:45, o grupo de Rui Mendes abandonou a discoteca e, já na via pública, aguardavam-nos o grupo dos arguidos “para se vingarem”.
O despacho de acusação descreve as situações das várias agressões levadas a cabo pelos arguidos contra os quatro jovens, como “puxões de cabelo, murros e pontapés em todo o corpo”.
Como O MINHO noticiou na altura, as bárbaras agressões ficaram registadas por vídeo amador.
Vídeo: DR
A principal vítima, “que segundos antes havia sido empurrado para o chão” por um dos arguidos, “levantou-se e tentou afastar os arguidos que se encontravam a agredir” outro dos seus amigos.
“Face a esta intervenção, os arguidos pararam de imediato de agredir Hugo Fernandes, voltando-se antes para o assistente Rui Mendes, desferindo-lhe violentamente murros e pontapés na cabeça e no corpo, perseguindo-o de cada vez que o mesmo lograva levantar-se do chão e tentava fugir”, lê-se na acusação.
Rui Mendes, que se constituiu assistente no processo, conseguiu afastar-se, por diversas vezes, dos arguidos, os quais continuavam a persegui-lo.
“Ato contínuo e em conjugação de esforços, o arguido Weverton Lopes desferiu um pontapé e o arguido Davi Lima Oliveira um murro no assistente, fazendo-o cair desamparado no chão, continuando os mesmos a pontapeá-lo e a desferir murros na cabeça, não obstante a queda”, descreve o despacho de acusação.
“Apesar de muito combalido” o jovem “conseguiu levantar-se, encostou-se a um veículo que se encontrava estacionado na rua, sendo aí novamente agredido com um pontapé violento na cabeça desferido pelo arguido Weverton Lopes e um outro pontapé desferido pelo arguido Igor Sales”.
Vítima sofreu traumatismo cranioencefálico
“O arguido Igor Sales, que usava um polo de cor vermelha, continuou a esmurrar a cabeça do ofendido. Ao mesmo tempo, apesar do precário estado de saúde do assistente, que se encontrava deitado do chão, o arguido Wandson Sales Monteiro, que usava uma camisola azul com o símbolo da seleção do Brasil, desferiu-lhe mais um murro na cabeça”, sublinha a acusação.
O MP sustenta que “em consequência direta e necessária da conduta” dos cinco arguidos, Rui Mendes “sofreu um traumatismo cranioencefálico e um traumatismo maxilofacial, ambos graves, tendo sido submetido a cirurgia de urgência, na especialidade de neurocirurgia, e colocado em situação de coma induzido”.
O jovem esteve mais de quatro meses para recuperar das lesões, mas ficou com sequelas como uma “cicatriz permanente”.
Igor Sales Maia, Weverton Lopes (estes em prisão preventiva), Davi Lima de Oliveira (fugiu para o Brasil), Dieisson Souza de Oliveira (fugiu para os Países Baixos e já está agora em preventiva) e Wandson Sales Modesto (em liberdade, mas proibido de sair do país) vão ser julgados pela coautoria de homicídio qualificado, na forma tentada, e por vários crimes de ofensas à integridade física qualificada.