Presidente dos CTT vê “com preocupação” conjuntura, mas empresa tem condições para “passar bem”

Economia

O presidente executivo dos CTT vê com “preocupação” a conjuntura económica, mas assegura que a empresa tem “condições para passar bem por este processo que aí vem” e disse que ainda não sabe quanto aumentará o correio regulado em 2023.

João Bento falava aos jornalistas à margem da apresentação da emissão filatélica dedicada aos 20 anos do euro, que decorreu no Museu do Dinheiro, em Lisboa, numa cerimónia que contou com a presença do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno.

Questionado sobre como vê o futuro nos próximos meses, o presidente dos CTT disse não poder “deixar de olhar com preocupação”, enquanto gestor, cidadão português e europeu.

“Os impactos nos mercados nos últimos dias têm sido muito visíveis, temos cada vez mais a noção que a inflação é mais duradoura do que se pensava”, salientou o gestor.

Em Portugal, “temos esta situação de um crescimento ainda bastante diferenciado, pela positiva, do crescimento dos nossos pares, mas enfim, o crescimento na Europa está a arrefecer, é possível que venha a haver fenómenos mais próximos de um crescimento baixo do que propriamente um quadro de recessão”, considerou o presidente executivo dos CTT.

Face a isto, “vejo naturalmente com preocupação, quer aquilo que diz respeito ao desenvolvimento da atividade económica que tem reflexo naquilo que fazemos, mas também temos hoje nos CTT uma repartição entre áreas de negócio que oferecem alguma proteção natural”, como é o caso do Banco CTT que “tem um ‘outlook’ mais interessante do que pensava ter” decorrente do aumento das taxas de juro.

“Mas estamos empenhados e achamos que temos condições para passar bem por este processo que aí vem”, assegurou João Bento.

Relativamente ao aumento de preços do correio regulado para o próximo ano, João Bento disse que ainda não há um valor definido, admitindo poder ser superior à subida de 8,6% deste ano.

“Não lhe sei dizer, ainda não sabemos qual vai ser a queda de correio apurada para o ano, nem sabemos qual vai ser a inflação média apurada”, disse.

O lançamento da emissão filatélica comemorativa dos 20 anos do euro coincide num momento em que a Europa enfrenta desafios inéditos, entre os quais uma guerra e a escalada dos preços energéticos, numa altura em que o inverno se aproxima.

“O euro é um elemento de reforço e de sustento do projeto europeu e portanto, é justamente nos momentos em que a ameaça à estabilidade na Europa, à paz – passaram já muitos anos desde que perdemos a paz na Europa – tornam ainda mais oportuno celebrar aquilo que são os elementos de coesão”, afirmou João Bento.

E a moeda única “é, sem dúvida nenhuma, um dos grandes elementos de coesão, se não a maior”, rematou.

“Ainda bem que podemos também dar este pequeno contributo para recordar que o euro existe e nos ajuda a desenvolver o projeto europeu”, sublinhou.

Sobre o enfraquecimento do euro, João Bento considerou normal, já que resulta do atual contexto europeu, com uma guerra na Ucrânia e a crise energética, que afeta, sobretudo, a Europa.

 
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