A presidente do Parlamento Europeu alertou hoje que a capacidade de a União Europeia continuar unida depende das decisões que tomar sobre o alargamento a países que trabalharam para atingir os valores e lutam pelos princípios defendidos pelo bloco.
“Se estamos dispostos a dizer que sim, não se trata apenas de economias e números, ou de quantos lugares e poder vai para esta ou aquela instituição, é sobre se a União Europeia [UE] quer ser uma potência democrática global onde temos um adversário comum”, disse Roberta Metsola no Fórum Económico Mundial, em Davos.
“Chegou o momento de enfrentar decisões cruciais, na próxima semana e nos próximos meses. Manter essa unidade dependerá de podermos tomar as decisões que nos esperam”, acrescentou.
Metsola lamentou que no passado não tenha havido qualquer reação à “chantagem” e às “ameaças” da Rússia contra a UE.
“Durante demasiado tempo, desviámos o olhar quando os nossos parceiros países limítrofes da Rússia nos disseram que tinham problemas. Era fácil para nós continuar a depender do gás, alguns países a 100%, sem considerar seriamente criar uma união energética em que dependíamos uns dos outros e não de um país que nos pudesse cortar [abastecimento] a qualquer momento”, refletiu.
A presidente do Parlamento Europeu afirmou que o bloco não pode agora correr o risco de causar mais instabilidade nos vizinhos da Rússia “por não conseguirmos agir”.
'Are we ready to open our doors to countries that are fighting for the principles that we share?' –@EP_President. Watch the full session here: https://t.co/F5boGoC9pY #wef22 pic.twitter.com/0J3spCRBmr
— World Economic Forum (@wef) May 25, 2022
Também o primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rutte, defendeu em Davos o poder coletivo do bloco, dizendo que para o fortalecer os grandes países da UE devem ceder parte da sua soberania na política externa.
“Somos mais fortes se estivermos unidos”, afirmou Rute e “se Roma, Paris ou Berlim quiserem continuar a ser poderes de política externa por si só, será muito difícil para a UE aproveitar o poder coletivo”, afirmou.
Sem ser necessário abdicar cada um da sua própria política externa, disse, argumentando: “Somos nações soberanas independentes, se queremos aproveitar o poder coletivo e o poder económico (da UE) e projetar isso à escala global, temos de coordenar mais”.
Num debate sobre a unidade europeia num mundo em desordem, o chefe do Governo neerlandês sustentou que uma das questões mais difíceis que a UE tem de resolver a longo prazo é “sair da unanimidade no Conselho Europeu para questões como sanções e declarações sobre os direitos humanos”.
A nível económico, Rutte lembrou que a UE é “maior do que os Estados Unidos e a China”, mas se não unir “o PIB coletivo, não será tão eficaz como deveria ser”.