A notícia está em destaque na primeira página dos semanários de Barcelos.
Miguel Costa Gomes, atual presidente da câmara de Barcelos, eleito pelo Partido Socialista, em 2009, poderá vir a não ser o candidato do partido nas próximas eleições autárquicas, marcadas para 2017. Quem o diz são os jornais semanários de Barcelos.
O Barcelos Popular (BP), mais incisivo, ocupa a primeira página da edição desta semana com uma fotografia de Domingos Pereira, líder do PS local, com uma bandeira do partido no ar a tapar a cara do líder da autarquia. Título: “PS e Costa Gomes à beira do divórcio”.
Por sua vez, o Jornal de Barcelos (JB) apresenta a notícia com o título “Comunicado do PS põe Câmara Municipal em alerta vermelho”, escrevendo, na primeira página, que “pouco mais de uma semana após a reunião do executivo municipal, secretários, adjuntos e membros do Secretariado, durante a qual Domingos Pereira pregou um sermão a alguns nomeados e deixou recados para os restantes, o PS emitiu um extenso comunicado com uma série de mensagens para o interior do Partido e da Câmara, onde as tensões se têm vindo a avolumar nas últimas semanas”.
Ambos os semanários desenvolvem a notícia logo na segunda página, e, se o Barcelos Popular começa por dizer que o “divórcio entre o presidente da Câmara e o secretariado local do PS está praticamente consumado”, o Jornal de Barcelos diz que “não está em discussão a lista de candidatos do PS às próximas autárquicas”, frase que destaca do extenso comunicado [NDR. de cinco páginas] emitido pelo Secretariado dos socialistas locais.
De acordo com o comunicado, pode ler-se no JB, o PS não está preocupado com as “notícias especulativas acerca do candidato à presidência da Câmara em 2017”. No entanto, mais à frente, o jornal faz notar que Costa Gomes é “o grande ausente” da nota emitida, visto que Domingos Pereira não se refere uma única vez ao presidente da autarquia, não lhe reitera confiança e deixa claro que “não há lugares cativos”, sendo que o Partido Socialista “tem no seu universo político e fora dele pessoas disponíveis” para dar continuidade ao seu projeto autárquico.
O “ainda presidente da câmara”, escreve o BP, confrontado com a notícia “pelo nosso jornalista”, sem esconder algum nervosismo e agastamento, diz o semanário, não se manifestou disponível para comentar “esse tipo de polémica”.
“Incapaz, contudo, de desmentir o que trouxemos a público”, continua o JB, “e aparentemente fragilizado”, Costa Gomes disse que “vocês [BP] têm as vossas fontes, usem-nas como entenderem. Eu respeito isso. É a vossa opinião. Também respeito. Agora, respeitem também a minha. O partido tem estatutos, tem regras, eu também tenho e cumprirei as regras do partido e o partido cumprirá as regras”.
Domingos Pereira, que no espaço de uma semana terá convocado duas reuniões do Secretariado para a analisar a gestão camarária, foi eleito deputado à Assembleia da República nas últimas eleições legislativas, tendo, contudo, mantido o lugar de vereador e os pelouros na autarquia, ainda que sem remuneração. Este facto e as repercussões públicas da compra de um automóvel para o serviço do presidente da Câmara, adensaram o “clima de tensão” vivido no interior do executivo, escreve o JB.
De acordo com a mesma fonte, “o Partido ficou incomodado por considerar que é inapropriado” [comprar um automóvel Audi A6] quando “a Câmara se prepara para pedir um empréstimo de 87 milhões de euros para resgatar a concessão da água“.
A situação relativa à aquisição do Audi A6 “ganhou amplitude e gerou mais tensão interna ao ser noticiada pelo Correio da Manhã“, diz o Jornal de Barcelos.