O preparador físico Mário Monteiro, uma das vítimas dos ataques na Academia do Sporting, em Alcochete, anunciou que irá abandonar o clube e o futebol, voltando a Vila Nova de Famalicão, onde é professor de educação física.
Vítima acidental do apertão que cerca de 40 membros da claque Juve Leo organizaram contra os jogadores do Sporting, após terem perdido o segundo lugar do campeonato na última jornada, o preparador físico conta, ao “Jornal de Notícias” (JN), o momento de terror que viveu: “Fui atacado nos pulsos e no tronco com uma tocha a arder a 240 graus centígrados. Estou há 25 anos no futebol profissional e nunca, mas nunca, pensei viver o que vivi”.
Mário Monteiro diz não ter “condições psicológicas” psicológicas para continuar a exercer aquela atividade.
“Foi absolutamente traumatizante, foi um ato terrorista”, afirmou ao JN, recordando as tochas acesas e os gritos, dentro do balneário da equipa principal do Sporting: “No meio dos pesadelos, acordo como se estivesse na Guerra do Iraque”.
“As câmaras de segurança filmaram 38 pessoas a entrar. Estão 23 em prisão preventiva. Portanto, há 15 indivíduos que estão soltos e que podem ser um perigo para a equipa técnica e plantel”, alerta.
O famalicense de 54 anos começou a carreira no futebol em 1993, como adjunto do FC Famalicão, e, já como preparador físico, passou pelo Moreirense, Académica, União de Leiria, Belenenses, SC Braga, Benfica e Sporting, conforme indica a sua ficha no site zerozero.pt.
No dia 15 de maio, adeptos do Sporting, com a cara tapada, invadiram a Academia de Alcochete, enquanto decorria o treino da equipa principal, e agrediram jogadores e equipa técnica, a dias da final da Taça de Portugal de futebol.