A Câmara da Póvoa de Lanhoso está a pedir orçamentos a empresas especializadas em restauração de estruturas em ferro para recuperar a antiga ponte sobre o rio Âncora, no concelho de Caminha, construída em 1878 por Gustav Eiffel, e que em 1993 foi deslocada para aquele concelho para substituir a ponte de Nasceiros, em São Martinho do Campo.
O presidente povoense, Frederico Castro adiantou a O MINHO que foi pedido um orçamento a uma empresa francesa, especializada em recuperar estruturas criadas por Eiffel, mas vincou que o preço apresentado, um milhão de euros, “é incomportável”.
“Queremos recuperar a ponte para restabelecer a ligação entre São Martinho do Campo e Garfe, cuja ponte sobre o rio Ave teve de ser demolida”, salientou, mas acentuando que espera ter orçamentos muito inferiores.
A ponte Eiffel tem a largura exata do atravessamento do Ave no local.
Para além de solucionar esta carência, servindo as populações, obrigadas a fazer vários quilómetros para chegarem à outra margem, a ponte seria, por certo, “um local de interesse histórico-cultural”.
Historiador Rui Maia
O tema, que foi levado há dias à Assembleia Municipal por um deputado do CDS/PP, tem sido – conforme o O MINHO tem reportado – objeto de atenção do historiador altominhoto, Rui Maia – especialista em património – o qual tem pedido à Póvoa que restaure a estrutura, ou, em alternativa, que a devolva a Âncora, para ali ser reconstruída e funcionar como museu explicativo da obra de Gustave Eiffel na linha ferroviária do Minho, a qual inclui, entre outras, pontes como as de Fão, no rio Cávado, e de Viana do Castelo no rio Lima.
Rui Maia sublinha que, em 1989, a Obra de Arte foi substituída pela CP-Comboios de Portugal, por uma nova infraestrutura, mais capaz de responder aos novos paradigmas de carga e velocidade. Desde então, a Ponte ficou quatro anos depositada nas margens do Âncora tendo a autarquia de Caminha manifestado a vontade em reabilitá-la e valorizá-la.
Só que – acentua – entre burocracias e falta de verbas, tudo não passou do projeto. Até que, o arquiteto paisagista, Manuel Sousa, que trabalhava na Mata Nacional da Gelfa se apercebeu da velha Ponte Eiffel abandonada, reconhecendo-lhe valor como património cultural.
Em 1993, por coincidência, integrou a Câmara da Póvoa de Lanhoso e conseguiu que a transportassem para junto do rio Ave, em oito camiões do Regimento de Engenharia n.º 3 de Espinho. O arquiteto acabaria por sair da Autarquia e, por isso, a ponte – a quem foram furtadas peças – ficou quase 20 anos à espera de um destino.
“Só se for impossível é que não resolvemos o problema”, diz o autarca.