Portugal estreia-se em Mundiais femininos de futebol no domingo

Seleção feminina. Foto: FPF

Portugal estreia-se no domingo na fase final de um Mundial feminino de futebol, que se disputa na Austrália e Nova Zelândia, com um confronto com os Países Baixos, vice-campeões mundiais.

Além da seleção neerlandesa, a equipa das ‘quinas’ vai defrontar ainda o Vietname e os Estados Unidos, campeões em título, num Grupo E que se disputa na Nova Zelândia.

Estes são alguns dos pontos essenciais relacionados com a estreia de Portugal e com o Mundial feminino, que se joga de 20 de julho e 20 de agosto.

Caminho de Portugal até ao Mundial

Para chegar pela primeira vez a um Mundial feminino, Portugal afastou equipas de qualidade como Islândia, Bélgica, Sérvia e Camarões. 

Num Grupo H de apuramento dominado pela Alemanha, com quem a equipa das ‘quinas’ perdeu os dois jogos, Portugal até começou mal, com um empate em casa da Turquia, passando definitivamente para o segundo lugar da ‘poule’ com um triunfo por 2-1 na Sérvia.

A segunda posição colocou Portugal no play-off continental, em que defrontou duas equipas mais bem cotadas no ranking, batendo a Bélgica (2-1) e a Islândia (4-1).

Como era a equipa com menos pontos somados na qualificação entre os três apurados no play-off europeu, Portugal teve de disputar mais um torneio de qualificação intercontinental.

Frente aos Camarões, no derradeiro obstáculo rumo ao Mundial, Portugal venceu por 2-1, com o golo do triunfo a surgir nos descontos, aos 90+4 minutos, num penálti convertido por Carole Costa.

Terceira grande competição da seleção portuguesa

Na Nova Zelândia e na Austrália, Portugal vai estrear-se no Mundial feminino de futebol, mas será a terceira grande competição internacional que as comandadas de Francisco Neto vão disputar.

A estreia aconteceu no Europeu de 2017, nos Países Baixos, com Portugal a estrear-se com uma derrota com a Espanha (2-0), antes de somar a primeira vitória frente à Escócia (2-1), com o desaire com Inglaterra (2-1) a ditar o afastamento na primeira fase.

Devido à exclusão da Rússia do Euro2022, motivada pela invasão da Ucrânia, Portugal participou no torneio continental, mas voltou a cair na primeira fase, com um empate com a Suíça (2-2) e derrotas com os mais experientes Países Baixos (3-2), que reencontra agora, e a Suécia (5-0).

Os fortes adversários no Grupo E

O sorteio do Mundial2023 não foi fácil para Portugal, 21.º do ranking mundial, que vai defrontar o campeão e o vice-campeão da última edição, Estados Unidos e Países Baixos, além do Vietname, que também se estreia na competição.

Já depois dos encontros com Países Baixos (23 de julho) e Vietname (27), Portugal defronta, em 01 de agosto, o grande dominador do futebol feminino, uma vez que os Estados Unidos, líderes do ranking mundial, têm quatro títulos e estiveram sempre no pódio das oito edições do Mundial.

Também nos Jogos Olímpicos, em que, ao contrário dos homens, as equipas se apresentam com as melhores jogadoras, os Estados Unidos são dominadores, com quatro medalhas de ouro em sete edições.

Campeões europeus em 2017, os Países Baixos, nonos do mundo, são igualmente uma equipa de valor, embora apenas estejam a fazer o seu terceiro Mundial, em que, surpreendentemente, chegaram à final em 2019, depois de caírem nos oitavos de final na estreia, em 2015.

O Vietname é a grande incógnita do Grupo E, sendo apenas 32.º do ranking mundial – quinto da Confederação Asiática -, e tendo como grande resultado o quinto lugar na Taça da Ásia de 2022.

A representação da Liga portuguesa

A Liga portuguesa feminina vai estar representada no Mundial de 2023 por 22 futebolistas, a maioria na equipa das ‘quinas’ e cinco noutras seleções.

O tricampeão Benfica é o principal responsável por esta representação, com a média Ana Vitória, que já assinou pelo Paris Saint-Germain para a época de 2023/24, entre as eleitas do Brasil, tal como estava Nicole Raysla, que se lesionou a dias do início da prova.

A estas juntam-se outras duas jogadoras que estiveram na Liga 2022/23 ao serviço do Benfica, a avançada internacional canadiana Cloe Lacasse, que vai na próxima temporada jogar nas inglesas do Arsenal, e a centrocampista nigeriana Christy Ucheibe.

A defesa Carina Baltrip-Reyes, do Marítimo, consta entre as selecionadas do Panamá e a avançada Huynh Nhu, do Länk Vilaverdense, nas do Vietname.

A Liga portuguesa é a principal ‘fornecedora’ da seleção nacional, com 17 jogadoras que alinham em clubes lusos entre as eleitas de Francisco Neto, com o Benfica a ser o mais representado, com nove, seguido de Sporting, com quatro, Sporting de Braga, com três, e uma do Marítimo.

A equipa das ‘quinas’ é completada por seis ‘estrangeiras’: a guarda-redes Inês Pereira, que alinha nas suíças do Servette, a defesa Joana Marchão, nas italianas do Parma, enquanto o campeonato espanhol conta com as restantes quatro internacionais: Andreia Jacinto (Real Sociedad), Tatiana Pinto (Levante), Fátima Pinto (Alavés), na próxima época de regresso ao Sporting, e Diana Gomes (Sevilha).

Aumento do prémio às jogadoras

Cada uma das 732 futebolistas inscritas no Mundial2023 vai receber um prémio mínimo de 30.000 dólares (cerca de 27.200 euros), com as futuras campeãs a receberem 270.000 (245.000 euros).

Os prémios atribuídos pela FIFA para este Mundial, ainda longe dos masculinos, representam um acréscimo três vezes superior às verbas a que tiveram direito no Mundial de 2019.

A FIFA tem um orçamento de 152 milhões de dólares (138 ME) para as 32 seleções do Mundial da Nova Zelândia e Austrália, um valor que cobre os prémios, a preparação das equipas e os pagamentos aos clubes das jogadoras, e que tem um crescimento significativo, em comparação com os apenas 40 milhões de dólares (36,3 ME) distribuídos no Mundial de 2019.

A verba destinada ao Mundial2022 masculino, disputado no Qatar, situou-se nos 440 milhões de dólares (399,7 ME), com cada uma das seleções eliminadas na fase de grupos a ter direito a nove milhões de dólares (8,1 ME).

Primeiro Mundial com 32 seleções e decisões do VAR em ‘voz alta’

A oitava edição será a primeira do Mundial feminino com 32 seleções, as mesmas do Mundial masculino, depois de os dois últimos terem sido disputados por 24 equipas.

Com o aumento do número de seleções, apenas as duas primeiras equipas de cada um dos oito grupos passam aos oitavos de final, ao contrário do que aconteceu nos dois últimos torneios, em que os quatro melhores terceiros classificados também seguiam em frente.

Outra das novidades deste Mundial será que as explicações sobre as decisões do videoárbitro (VAR) vão ser explicadas pelos árbitros em tempo real nos estádios e na transmissão televisiva, para tornar “o processo mais transparente”, segundo a FIFA.

O sistema será usado pela primeira vez numa competição Mundial de seleções seniores, depois de ter sido testado no Mundial de clubes, disputado em Marrocos, e no Mundial de sub-20, que decorreu na Argentina.

Despedidas de históricas

O Mundial2023 vai marcar a despedida das seleções de algumas históricas do futebol feminino, com destaque para a brasileira Marta e a norte-americana Megan Rapinoe, já eleitas melhores futebolistas do mundo.

Medalha de prata no Mundial de 2007, no qual foi eleita a melhor jogadora, e nos Jogos Olímpicos de 2004 e 2008, a ‘rainha’ Marta foi escolhida como melhor futebolista do mundo pela FIFA em 2006, 2007, 2008, 2009 e 2018.

Voz ativa na luta pela igualdade salarial e de género, Megan Rapinoe, melhor do mundo em 2019, também anunciou a saída da seleção norte-americana, pela qual ganhou dois títulos mundiais (2015 e 2019) e a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos Londres2012.

 
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