O presidente da Brisa, empresa que gere as autoestradas, alertou que o aumento das portagens no próximo ano deverá ser “significativo”, já que a subida dos valores está indexada à inflação que se vai registar em outubro.
“As portagens estão diretamente relacionadas com a inflação, é o indicador de inflação em outubro que vai determinar o valor das portagens, portanto, deverão aumentar e com algum significado no próximo ano, a não ser que o Estado mostre abertura para encontrar mecanismos que compense a Brisa desse aumento e o possa diluir no tempo, ou inclui-lo no grupo de trabalho de renegociação da concessão“, disse Pires de Lima.
Em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, o antigo ministro da Economia apontou que, “se o Estado não fizer nada, o aumento será aquele que corresponde à inflação“, mas mostrou-se disponível para negociar.
Noutro ponto da entrevista, o também presidente do Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável argumentou que o aumento do preço dos combustíveis devia ter sido aproveitado para fomentar a transição energética, nomeadamente a troca das viaturas por novos automóveis elétricos, mas reconheceu que isso teria de ser feito a par com uma aceleração da expansão da rede de carregamento.
“Poderia ter sido interessante, nos planos de recuperação da economia, termos sido mais agressivos, mais ousados, nos incentivos para substituir os automóveis atuais por carros elétricos”, salientou, acrescentando que “claro que isso teria de ser compatibilizado com uma maior intensidade de carregadores elétricos”.
Fazendo as duas coisas ao mesmo tempo – incentivos para a trocar e aumento dos carregadores – “acabaríamos, em quatro ou cinco anos, com uma mobilidade rodoviária mais amiga do ambiente e do que é desejável porque, à velocidade atual, vai demorar 14 ou 15 anos”, disse o antigo governante e ex-dirigente do CDS/PP.
Na entrevista, Pires de Lima defendeu ainda a possibilidade de substituir parte do imposto sobre o lucro das empresas (IRC) por um aumento do imposto sobre os impactos ambientais das empresas.
“Sugeria que se pensasse na substituição de parte do IRC por fiscalidade verde, reduzindo os impostos sobre os lucros e, em contrapartida, aumentar os impostos sobre os impactos ambientais das empresas; é um caminho a favor da sustentabilidade e permitiria às empresas que têm lucros e que são neutras do ponto de vista carbónico não serem tão penalizadas”, afirmou.