“Porque é que o CDS não é um defunto”

Artigo de opinião pelo advogado Miguel Brito
Miguel Brito. Foto: DR

Artigo de Miguel Brito

Advogado

A linguagem “funerária” entrou no léxico político, a par dos tiques reacionários e primários, ora apelidando o CDS de “náufrago” e mais recentemente de “defunto”, usando uma linguagem que se utiliza no insulto, fora dos cânones de relacionamento institucional.

Eduardo Cabrita não representa o PS mas filia-se no pior do populismo e trauliteirismo que campeia na política. E o Chega, partido recente que quer somar à direita, deve ter o senso de não se meter com a história política da direita portuguesa, que importa conhecer.

Sem o CDS não há história da Direita em Portugal. Sem o CDS não há direita democrática, em Portugal.

Sem o CDS, a Constituição da República Portuguesa de 1976, teria sido aprovada por unanimidade e como o CDS, votou contra e sozinho (na Assembleia Constituinte), um texto que tinha um programa político de “rumo ao Socialismo”, este facto, tem que ser lembrado.

Sem o CDS a História de Portugal, emergente da Revolução dos Cravos, teria sido muito diferente e muito mais socialista .
Durante o PREC, o CDS foi um Partido de trincheira e defendeu-se como pode das investidas de quem o achava o “Partido dos Fachos” e do “Antigamente”. Uns tiveram que fugir e o CDS resistiu. Não se notabilizou , por ser o Partido das Bombas e da “porrada” ,mas hoje sabemos que muita gente do CDS teve que se defender, até fisicamente.

Notabilizou-se pela marca de um “Publicista e Professor” deixou no regime político e na história política da democracia, um lastro de de qualidade; num país, em marcha “rumo ao socialismo”, a voz, pausada e sábia do Professor Freitas do Amaral, ia construindo pelo direito e pela lei, a que o pais e Direita muito devem, um país menos socialista.

Adelino Amaro da Costa, Lucas Pires, Luís Barbosa, Teresa Macedo, Bagão Félix, Krus Abecassis, mostravam uma nova direita, livre, criativa, inteligente e popular. Leiam os discursos e estudem o papel que cada um destes nomes tiveram na vida política portuguesa.

As sucessivas alterações que as revisões do texto constitucional trouxeram a Portugal tiveram a mão do CDS. Iniciativa e livre empresa , opção europeia e vocação Atlântica e compromisso com os valores da democracia e com o mundo ocidental . Sem o CDS esta transformação seria muito mais titubeante e muito mais socialista.

O direito da propriedade, as privatizações, a normalização das instituições democráticas.

A liberdade de ensino, a valorização da família, como eixo estruturante das instituições, o aperfeiçoamento do Direito, as reformas no Direito administrativo e no acesso do cidadão aos Tribunais e a uma administração publica mais transparente. A defesa do poder local e a defesa intransigente da língua portuguesa e do seu papel no mundo

A criação da AD, um compromisso, entre liberais, sociais democratas e ambientalistas/Monárquicos, mostraram uma alternativa ao Socialismo.

Esta história andou de mãos dadas com o CDS e sem o seu protagonismo, Portugal seria diferente e muito mais socialista.
A seguir à Europa da fruta normalizada, as angústias sobre o federalismo político (com mais ou menos desacertos), a interrogação sobre a moeda única , sobre a burocracia europeia, seria muito mais socialista sem o CDS.

O nosso papel no contexto das relações internacionais, a nossa visão do mundo seria muito diferente, sem o contributo do Prof. Adriano Moreira que foi Presidente do CDS.

Os tempos mudaram, o teatro das “bocas” faz escola e cresce nas redes sociais, mas será passageiro.

A ignorância sobre política e história , não percebe que é na identidade da memoria que a direita portuguesa se há-de reconstruir e o CDS tem um papel muito mais ambicioso (assim o descubra) de ver se fica bem na fotografia do jornal do dia!

 
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