As populações das zonas envolventes à Serra do Gerês, em Terras de Bouro, que têm sofrido ao longo das últimas semanas ataques frequentes aos seus rebanhos, temem ainda que as alcateias possam atacar mesmo as próprias pessoas, como crianças agora em férias.
Um rebanho de dez ovelhas foi totalmente dizimado durante um ataque de lobos perto do Santuário de São Bento da Porta Aberta, no lugar de Seara, Rio Caldo, Terras de Bouro, durante o último fim de semana, mas “há muitos casos de ataques sucessivos, não só aqui na nossa localidade, como em outros lugares aqui, na Serra do Gerês”, disse José Antunes.
Segundo O MINHO apurou junto de populares este domingo, perto do Santuário de São Bento da Porta Aberta (Sãobentinho), em Seara, na freguesia de Rio Caldo, concelho de Terras de Bouro.
“Não escapou uma única ovelha, os lobos mataram as que levaram para o monte e as que ficaram a agonizar no prado, é um cenário desolador”, desabafou José Antunes, ainda em estado de choque depois do cenário com o qual se deparou quando ia alimentar o gado.
De acordo com o testemunho de José Antunes, de Seara, o proprietário do gado agora atacado mortalmente, “cada este mais este tipo de predador, que já não é o típico lobo ibérico, mas um arraçado de lobo e de cão, tem a iniciativa de descer até junto das povoações e pode matar pessoas, mesmo que sem fome”.
O MINHO soube nas freguesias de Rio Caldo e de Vilar da Veiga, ambas confiantes com o Rio Cávado, que os ataques têm arrasado não só ovelhas, como cabras e cachetas, como são conhecidas localmente vacas e vitelas de menor porte que deambulam na serra.
“O lobo é um coitadinho, eu não tenho nada contra a preservação, mas connosco é que se não vê preocupações, estamos às vezes seis anos para receber as indemnizações e outras vezes nem isso, mas neste momento é uma questão de segurança o que está aqui em causa, porque eles são muito perigosos e descem até junto das populações”, referiu José Antunes.
Turistas em perigo
Uma outra preocupação tem a ver com os operadores turísticos locais, alguns igualmente proprietários de gado de várias espécies e raças, que receiam um eventual ataque a turistas que não conhecendo o meio, “se aventuram muitas vezes sozinhos pela serra acima, não sabendo os riscos que correm, aliás, muitos até se perdem aqui e com muita frequência”, de acordo com aquilo que revelou a O MINHO o dono de uma pensão, em Vilar da Veiga, que solicitou anonimato, mas disse “ser necessário as autoridades tomarem medidas para evitar uma tragédia, pois quando os lobos atacam ninguém fica vivo para contar a estória”.