O único ponto negro de trânsito em Braga – cuja definição é a de “local onde ocorrem mais de cinco acidentes por ano com vítimas” -, fica situado numa curva da Estrada Nacional 101, entre Braga e Guimarães, na freguesia da Morreira.
Na quarta-feira, na primeira reunião do Conselho Consultivo Municipal da Mobilidade, o representante das Infraestruturas de Portugal – que tutela a dita via – anunciou que tinha sido feita uma intervenção no local, de forma a evitar ou minimizar os acidentes rodoviários.
Contactado pelo O MINHO, o presidente da União de Freguesias de Morreira e Trandeiras, Manuel Martins disse que, de facto, foi colocado um piso novo no local, do tipo rugoso para evitar derrapagens, o que sendo um avanço no combate aos acidentes não resolveu, completamente, o problema: “Já houve, no local, três ou quatro acidentes este ano, o último dos quais há 15 dias”, afirmou, dizendo que alguns moradores da zona colocaram panos vermelhos junto à estrada em sinal de alerta e de descontentamento.
O autarca diz que a situação se prolonga há vários anos, e adianta que, pessoas com conhecimento de sinistros rodoviários lhe têm dito que os sobreiros que ladeiam a curva, soltam um líquido viscoso, que parece um óleo, o que pode ser uma das causas dos despistes: “Dizem-me que não, mas era preciso analisar o assunto e, se for caso disso, cortá-los”, anota.
No caso da Morreira (EN 101), deram-se cinco sinistros, dos quais três colisões e dois despistes. É uma curva fechada e inclinada onde os veículos circulam com velocidade.
669 sinistros em 2021
Um estudo feito pela Câmara de Braga, e ontem apresentado no Conselho, indica que, em 2021, houve 669 sinistros nas estradas do concelho – a maioria na zona urbana -, com 849 feridos e um morto. Entre eles estão 30 atropelamentos, cinco deles em São Lázaro, na Avenida da Liberdade. Para minimizar o problema a autarquia vai criar uma equipa técnica no âmbito do Conselho Consultivo da Mobilidade, que incluriá técnicos camarários, polícias e outras entidades do setor.
O relatório conclui que há dois pontos negros de trânsito, um deles o já referido na Morreira, e outro na autoestrada A3, neste caso sob jurisdição da Brisa (também numa curva cerca de um quilómetro antes de se chegar à portagem de Celeirós).
Além disso, tem 19 pontos ditos cinzentos, em que são frequentes os acidentes, e quatro pontos de “atenção” que precisam de monitorização.
A vereadora do Trânsito, Olga Pereira disse a O MINHO que a maior parte dos pontos de acidente vai ter solução a curto prazo com as alterações à circulação introduzidas pelo futuro ‘metrobus’, que será construído com verbas do PRR.
Sobre os atropelamentos na Avenida, lembrou que a obra de requalificação da artéria que arranca este mês, vai estreitar a via, diminuindo a velocidade, e, em simultâneo, elevar as passadeiras ao nível dos passeios. “Teremos uma equipa especializada em trânsito com elementos das forças policiais para enfrentar o problema”, sublinhou.
24 pontos sinalizados
O estudo abordou 158 ocorrências em 24 pontos negros, cinzentos ou de “atenção”, em que houve 197 feridos ligeiros, oito feridos graves e um morto, este em resultado de uma colisão frontal.
O trabalho exclui o ponto negro da A3, isto porque os acidentes em autoestrada não são imputados ao município por ser um tráfego de atravessamento.
Segundo a definição da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária um ponto negro é um lanço de estrada com uma extensão igual ou inferior a 200 metros, no qual se registaram pelo menos cinco acidentes com vítimas.
No caso da Morreira (EN 101), deram-se cinco sinistros, dos quais três colisões e dois despistes. É uma curva fechada e inclinada onde os veículos circulam com velocidade.
Maioria são colisões
Os acidentes por colisões representam 58% do total. No caso dos despistes, os mais comuns são os de despiste simples e despiste sem dispositivo de retenção, o cinto de segurança. Os acidentes com mais feridos graves são os atropelamentos de peões.
Na categoria motociclos registam-se cinco feridos graves, em 112 ocorrências. Já os acidentes com velocípedes, geraram 34 vítimas.
O estudo considera como pontos cinzentos, aqueles em que num lanço de estrada com pelo menos 500 metros houve registo de três ou mais casos. Os pontos de atenção, são aqueles em que não foi detetado um problema evidente.
O estudo releva, para além da prevalência de ocorrências em arruamentos (com uma única vítima mortal, 82% dos feridos graves e 80% dos feridos ligeiros), o número de feridos associados a acidentes em estradas nacionais, com 11% dos feridos ligeiros.
16 vias com acidentes
O relatório enumera uma a uma as ruas e avenidas com mais acidentes, com destaque para as avenidas João Paulo II, na Rotunda das Piscinas, e Padre Júlio Fragata junto ao centro comercial Braga Parque.
Em algumas das vias existem mais do que um ponto cinzento, caso da Avenida do Cávado, em Palmeira, das avenidas, João Paulo II (Rotunda das Piscinas) e Padre Júlio Fragata (Variante), em São Vítor, da Avenida António Macedo, na União das freguesias de Maximinos, Sé e Cividade e da zona de Braga (São Vicente). Há, também, sinistros na Av. João XXI/Av. João Paulo II (São Vítor); Avenida da Imaculada Conceição UF de Braga (Maximinos, Sé e Cividade), Rua Costa Gomes (Real, Dume e Semelhe); Rua Frei José Vilaça (UF de Ferreiros e Gondizalves); Rua Frei José Vilaça/Av. Extremos (UF de Ferreiros e Gondizalves);Estrada Nacional 14; Rua Padre Cruz (Maximinos, Sé e Cividade); Rua Nova da Estação (Maximinos, Sé e Cividade); Rua Cidade do Porto (UF de Ferreiros e Gondizalves); e Avenida Robert Smith (UF de Nogueira, Fraião e Lamaçães).