Rui Manuel Marinho Rodrigues Maia
Licenciado em História, mestre em Património e Turismo Cultural pela Universidade do Minho – Investigador em Património Industrial.
Ao longo do extinto ramal ferroviário que ligava Valença do Minho e Monção (Linha do Minho), convertido em 2004 em ecopista, encontramos algumas Obras de Arte do nosso património industrial ferroviário.
É o caso da Ponte Ferroviária do rio Furna, ou Manco, no concelho de Valença do Minho, ou, a Ponte Ferroviária do rio Gadanha, esta no concelho de Monção.
Há uns anos a esta parte, realizou-se uma investigação, que resultou num artigo publicado pelo Centro de Estudos Regionais de Viana do Castelo: Maia, R. (Dezembro de 2021). Pontes “Ferroviárias” do Rio Furna e Gadanha: Duas Obras de Arte da Nossa Arqueologia Industrial. Estudos Regionais: Revista de Cultura do Alto Minho, II série, n.º 15, pp. 119-135.
Tratou-se de uma tentativa, ainda que pela rama, visando o estudo, divulgação e valorização dessas duas Obras de Arte, onde se pormenorizam as superestruturas quanto às suas características morfológicas, bem como ao meio envolvente.
Não obstante, após consecutivas tentativas junto de arquivos e outras instituições, não foi possível apurar a identidade da firma que construiu ambas as Pontes – em tudo equivalentes.
Existirá, porventura, informação a esse respeito nos arquivos da CP – Comboios de Portugal, cujo acervo gigantesco não está tratado, o que impossibilitou inferir acerca de imensos aspetos, como identificar todos os intervenientes em ambas as construções, as movimentações de solo efetuadas, os trabalhos em alvenaria, entre muitos outros pormenores.
Nesse sentido, apelamos a que, na eventualidade de alguém poder auxiliar nesse conhecimento, tornar-se-ia exequível trazer a lume esses e outros aspetos omissos, permitindo novas abordagens ao tema. Nessa eventualidade, contactem o Centro de Estudos Regionais de Viana do Castelo, dando conta dessas evidências.
Em 15 de junho de 1913, o caminho de ferro chega a Lapela (concelho de Monção) e, precisamente dois anos depois, em 15 de junho de 1915, chega à vila de Monção com enorme gáudio. Em sentido oposto, após 76 anos de serviços prestados ao país, o ramal é encerrado definitivamente, em 31 de dezembro de 1989 e, com ele, os ramais de Vila Real-Chaves, Amarante-Arco de Baúlhe, Serrada-Viseu, Évora-Reguengos, Évora-Estremoz-Vila Viçosa, Estremoz-Portalegre, Beja-Moura e ramal de Sines.
A extensão do ramal Valença-Monção é de aproximadamente 16 km, o que pode parecer pouco. Todavia, o que pode parecer muito, é a resignação e falta de visão do então edil de Valença (à imagem de muitos responsáveis políticos), conforme nos dá nota o Diário de Lisboa, de 03 de janeiro de 1990, onde refere que o encerramento do ramal “não tem grande relevância” junto das populações; razão pela qual Portugal padece de imensuráveis assimetrias territoriais, uma vez que as políticas adotadas pelo Estado ao longo de décadas, focavam-se no imediato ou no curto prazo, e não no longo ou muito longo prazo.
Imagine, caro leitor, o que seria dessa pitoresca região se hodiernamente os comboios por lá andassem?