Ponte de Lima festeja mais uma edição da tradicional Mesa dos Quatro Abades

Ponte de lima festeja mais uma edição da tradicional mesa dos quatro abades
Mesa dos Quatro Abades. Foto: Miguel Costa / Município de Ponte de Lima

Os autarcas de quatro aldeias de Ponte de Lima reúnem-se no domingo à volta da mesma mesa num encontro secular, onde depois de se discutirem os investimentos reclamados por cada freguesia, é servido um “arroz pica no chão”.

Reportagem da RTP, em 2013

Trata-se de mais uma edição da Mesa dos Quatro Abades, uma espécie de fórum popular em que os presidentes das juntas de freguesia de Calheiros, Cepões, Bárrio e Vilar do Monte discutem os problemas das respetivas freguesias e aproveitam a presença, obrigatória, do presidente da câmara para reclamar obras ou expressar preocupações locais.

“O presidente da câmara vai atendendo aos nossos pedidos. Claro que não é como nós queríamos mas vai fazendo conforme pode”, afirmou hoje o presidente da União de Freguesias de Labrujó, Rendufe e Vilar do Monte, Manuel Rodrigues.

Este ano, o autarca a quem cabe a organização da tradição vai reclamar “a beneficiação de várias estradas municipais, da casa mortuária de Labrujó, e pedir soluções para alguns problemas sociais que existem na freguesia”.

Enquanto “os homens discutem os problemas da aldeia” à Mesa dos Quatro Abades, ao lado, “numa cozinha montada para efeito, as mulheres preparam o repasto para servir os cerca de 140 convidados”.

O almoço, sempre com o “arroz pica no chão” na ementa, não dispensa os tocadores de concertina e cantadores ao desafio.

A tradição, realizada sempre a partir das 12:00, remonta ao século XVIII e decorre sobre uma mesa em granito assente num marco divisório que delimita as freguesias de Calheiros, Cepões, Bárrio e Vilar do Monte.

Desta forma, os quatro bancos que a rodeiam estão colocados no território de cada uma das aldeias.

Com a reforma administrativa do território, há menos um presidente de junta a sentar-se à Mesa dos Quatro Abades, devido à agregação de Bárrio com Cepões num único órgão, mas sem implicações na tradição.

Os primeiros registos desta tradição datam de 1775 e, na altura, os abades – que assumiam o papel atual do presidente de junta – sentavam-se, depois de uma manhã de procissão dedicada a São Sebastião, pedindo proteção contra a fome, em cada um dos bancos correspondentes.

A mesa é ladeada por quatro bancos, também em granito, cada um assente no território de cada freguesia, onde os representantes das respetivas paróquias se sentavam para debater e resolver os mais diversos assuntos, consultando os fiéis, que se encontravam ao seu redor.

A tradição esteve suspensa alguns anos, mas, a partir de 1987, foi reatada com os autarcas no lugar dos abades, passando a realizar-se um encontro anual, para o qual são convidadas as entidades locais e onde são debatidos os problemas comuns às quatro freguesias.

 
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