Continuam as polémicas na Casa da Caridade, em Ponte de Lima. Depois da demissão do presidente da direção, em meados de novembro, foi a vez do Conselho Fiscal também querer sair. Isto ao fim de pouco mais de um ano, uma vez que as últimas eleições foram em junho de 2020. O MINHO sabe que a demissão do Conselho Fiscal foi aceite em dezembro pelo novo presidente (anterior vice), havendo assim eleições marcadas para o próximo dia 16 de janeiro, mas só para o órgão fiscalizador.
Contudo, um grupo de associados queixa-se de não ter sido informado da demissão do Conselho Fiscal, e de só o conseguir saber depois de “muito insistir” durante a última Assembleia Geral, que ocorreu a 25 de novembro. Os sócios alegam que a presidente da Assembleia Geral, Cidália Fernandes, não deu uma única palavra durante a assembleia, e terá tentado ocultar o facto da demissão ter ocorrido. De uma forma geral, acusam a responsável de não fazer cumprir os estatutos da instituição.
A O MINHO, a responsável pela mesa começou por dizer que não prestava declarações acerca dessas reclamações, uma vez que já as terá dado via email, mas acabou por explicar que o pedido de demissão só foi aceite em dezembro e que os sócios já foram informados do novo sufrágio. No entanto, a convocatória só terá sido publicada no dia 05 de janeiro, dando apenas cinco dias para que se preparassem outras listas, que não a afeta à atual direção.´
Numa das páginas do Facebook da instituição, pois existe uma inativa e outra mais recente, foi publicada a convocatória para as eleições com a data de 27 de dezembro, mas é possível verificar através do temporizador daquela rede social que a publicação só foi tornada pública na manhã desta sexta-feira. Ou seja, foi publicada hoje, mas a data foi editada para dar a entender que o foi no passado dia 27 de dezembro.

Cidália Fernandes não quis comentar, afirmando apenas que os órgãos eleitos estão a tentar, por tudo, prosseguir “por um bom caminho” e levar a instituição a dias mais tranquilos, mas esse objetivo parece ainda estar longe do idealizado, com a pressão a aumentar.
Em novembro, o anterior presidente da direção demitiu-se do cargo por discordar do caminho seguido pelos restantes membros, que considera pôr em causa “cuidados elementares e básicos” aos utentes, por recusarem contratar funcionários.
“Quis demover os companheiros de direção de que tínhamos, mesmo, de contratar pessoal, mas tive sempre um não por parte dos meus parceiros de direção. Cheguei a um ponto em que não podia continuar com isto porque não posso estar a sacrificar a vida e saúde dos utentes”, afirmou Agostinho Freitas.
Também em novembro, foi a vez do Conselho Fiscal se demitir, mas nenhum dos elementos se pronunciou publicamente sobre o sucedido. O MINHO tentou, na altura, contactar o presidente do órgão fiscalizador, mas este não prestou declarações.
Ainda de acordo com o antigo presidente, as diretoras técnicas dos dois lares queixavam-se reiteradamente de falta de pessoal.
Em outubro, “as equipas de enfermagem dos dois lares reportaram à direção problemas de saúde e psicológicos, com situações em que já não se levantam os idosos das camas, não se fazia hidratação e de agravamento de algumas patologias dos utentes”.
Segundo o ex-diretor, aquela forma de “visão economicista” da direção “inverteu completamente a hierarquia de valores na condução dos destinos da instituição”.
A Casa de Caridade de Nossa Senhora. da Conceição foi fundada em 1883 pelo testamento de Agostinho José Taveira, um abastado emigrante regressado do Brasil, construtor da Casa do Pomar, edifício onde hoje se localiza a sede, numa rua à qual posteriormente foi atribuído o nome do benemérito.
Tem como valências o internamento e o apoio domiciliário, abrangendo o concelho de Ponte de Lima e concelhos vizinhos.
Em outubro de 2003, a instituição projeto o Centro Comunitário de Refoios, que funciona agora como um segundo lar da Casa da Caridade.
As duas valências têm capacidade para 74 utentes em internamento e apoio domiciliário para 55 pessoas, segundo o portal da instituição.