Morreu aos 79 anos o padre António Valente Pereira, natural de Vila Chã S. João, Ponte da Barca, anunciou a Confraria de Nossa Senhora da Paz. Vai a sepultar no sábado, no cemitério do Barral.
Condecorado em 2018 pela autarquia com a Medalha de Honra, galardão de maior valor municipal habitualmente atribuído a título póstumo, António Valente Pereira foi missionário em três dioceses angolanas durante 40 anos, entre os anos de 1977 e 2017, regressando a Portugal nesse ano por motivos de saúde.
“Foram 50 anos de uma ação missionária, mais concretamente em Angola. Foi homem que, sofrendo (foi ferido a tiro) e pelo exemplo de vida e de entrega ao próximo, lutou por melhores condições. É um exemplo de vida”, disse Augusto Marinho, presidente da Câmara, aquando da homenagem.
Profundo devoto de Nossa Senhora da Paz, santuário localizado no mesmo lugar onde nasceu, e a quem atribui um milagre que lhe salvou a vida em Angola quando foi atingido a tiro a caminho da missão em 1991, durante a Guerra Civil, escreveu em 2009 o livro “Santuário de Nossa Senhora da Paz”, onde faz um resumo sobre a história da aparição, do pastorinho Severino Alves, e do crescimento do santuário barquense.
Nascido a 27 de março de 1943, no Lugar do Barral, frequentou os seminários das Missões de Tomar, de Sernache do Bonjardim e de Cucujães da Sociedade Missionária da Boa Nova, onde completou os seus estudos filosóficos e teológicos.
Foi ordenado presbítero a 28 de julho de 1968 na Igreja do Seminário de Cucujães, e celebrou a sua Missa Nova no dia 11 de agosto do mesmo ano na capela de Nossa Senhora do Amparo, no lugar do Barral, em Ponte da Barca.
Após ordenação, foi colocado no Seminário de Cucujães como formador e, em 28 de junho de 1977, foi para as missões em Angola, onde manteve o trabalho missionário ao longo de quatro décadas.
Em África, trabalhou na diocese do Novo Redondo (hoje Sumbe), e na Arquidiocese de Luanda (hoje Viana).
Num testemunho deixado pela Confraria da Senhora da Paz, aquando da celebração das suas bodas sacerdotais, em 2018, é apontado que António Valente “sempre que vinha a Portugal à sua terra natal em visita à família, nem aí parava para descansar, sempre a trabalhar para a Igreja de Jesus Cristo em colaboração próxima com o Pároco da sua terra, ajudando-o em todos os serviços pastorais necessários, nomeadamente na Paróquia da sua terra natal Vila Chã S. João Baptista e na Paróquia vizinha de Vila Chã S. Tiago”.
“Testemunham os habitantes destas paróquias, seus conterrâneos, que sempre que chegava à sua terra, já sentia saudades das gentes das suas paróquias de Angola onde trabalhava e das crianças que lá ficavam, muitas vezes em situações precárias, e que não via a hora de regressar a Angola novamente. Por isso, das inúmeras atividades pastorais que desenvolvia na sua terra natal, com a devida autorização do pároco, a sua preocupação foi sempre pedir e angariar fundos monetários para ajudar a obra missionária em Angola, o que diz bem do seu profundo amor à causa e ao espírito missionário”, conclui a nota da confraria.