Polícias municipais integravam rede de tráfico de seres humanos e lenocínio

Em Lisboa
Foto: DR

Três pessoas foram detidas e duas constituídas arguidas, entre as quais dois polícias municipais em Lisboa, no âmbito de uma investigação relativa ao crime de tráfico de seres humanos e lenocínio agravado, anunciou hoje a PSP.

Em comunicado, o Comando Metropolitano de Lisboa avançou que “no âmbito da investigação foram identificados dois polícias, atualmente em funções na Polícia Municipal de Lisboa, que se crê estarem ligados ao negócio da exploração das mulheres para a prostituição”.

A investigação decorre “há cerca de um ano e meio” e permitiu identificar uma estrutura que “explorava mulheres para a prostituição, submetendo-as a condições degradantes e desumanas, obrigando-as a trabalhar de forma quase permanente, limitando a sua liberdade e autodeterminação”.

De acordo com a nota, na quarta-feira foram realizadas buscas domiciliárias, na zona da Grande Lisboa e no Algarve, que tinham como objetivo recolher indícios da pratica dos crimes.

A estrutura investigada e agora descoberta é composta por uma mulher que “geria o negócio e que contava com diversos colaboradores”, quer no espaço utilizado para a prostituição, quer como rede de apoio.

Segundo a PSP, foram realizadas sete buscas domiciliárias – seis às residências dos suspeitos e uma ao local utilizado para a prática da prostituição – e foram cumpridas ainda buscas na Polícia Municipal de Lisboa, local de trabalho dos dois polícias investigados.

Os detidos têm idades entre os 40 e 45 anos, não sendo conhecidas as idades dos suspeitos constituídos arguidos. A polícia não especifica se os agentes municipais estão entre os detidos.

O primeiro interrogatório judicial está agendado para hoje.

Entretanto, o Bloco de Esquerda apresentou hoje um pedido de esclarecimentos ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, sobre a detenção dos dois agentes, pedindo igualmente a presença do comandante da Polícia Municipal na próxima reunião do executivo.

Na nota enviada às redações, assinada pela vereadora Beatriz Gomes Dias, o BE considera tratar-se de uma situação “muito grave”.

“Soube-se esta quinta-feira que dois agentes da Polícia Municipal de Lisboa foram detidos numa operação da Divisão de Investigação Criminal da PSP por alegadamente estarem envolvidos num esquema de tráfico de seres humanos e que dezenas de mulheres eram colocadas em casas e forçadas a prostituir-se com recurso a ameaças e violência física”, pode ler-se na nota.

O Bloco questiona no requerimento se Carlos Moedas tinha conhecimento da situação e, se o tinha, há quanto tempo foi informado e que ações irá realizar na sequência dos acontecimentos.

O partido questiona ainda o social-democrata sobre a sua disponibilidade em chamar o comandante da Polícia Municipal de Lisboa para prestar esclarecimentos ao executivo.

 
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