Elementos das forças de segurança da Polícia de Segurança Pública (PSP) e da Guarda Nacional Republicana (GNR) dos comandos territoriais de Braga e Viana do Castelo vão manifestar-se em Lisboa no próximo dia 21 de novembro, em sintonia com a manifestação organizada pelos dois maiores sindicatos de polícia no país que pretende ser “a maior de sempre de elementos das forças de segurança”.
Em declarações a O MINHO, um elemento das forças de segurança em Viana que não se quis identificar por possíveis represálias, adiantou que serão “várias dezenas” de elementos da PSP e da GNR, não só do Alto Minho mas também de várias esquadras e postos do distrito de Braga, que vão rumar a Lisboa nesse dia, para manifestar o desagrado pela “falta de condições” para que os polícias possam exercer o seu trabalho.
A mesma fonte aponta que o ordenado de um profissional da polícia ou da guarda é “vergonhoso” e que o Governo já prometeu “melhorias” mas “até agora nada”. E esse é um problema que estes agentes de segurança pública pretendem ver resolvido com a manifestação, marcada para o dia 21 por ser “próximo da discussão do Orçamento de Estado”.
Ao que apurámos, só do distrito de Braga, devem comparecer mais de uma centena de agentes, sobretudo ligados a PSP, enquanto que em Viana do Castelo, vários elementos de ambas as polícias já confirmaram que vão “ajudar” a fazer “a maior manifestação de sempre de elementos das forças de segurança”.
Tolerância Zero
Com o lema “tolerância zero”, a manifestação conjunta é organizada pela Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) e Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR), as estruturas mais representativas da PSP e da GNR.
Num comunicado conjunto após uma reunião realizada na segunda-feira, no Porto, a ASPP e a APG referem que, na anterior legislatura, o Governo “fez promessas que não cumpriu e protelou a resolução de problemas que estão a colocar em causa não só a estabilidade das instituições, mas toda a segurança pública em Portugal”.
A ASPP e a APG sublinham que o próximo Governo “não pode escudar-se da falta de conhecimento dos problemas nem desvalorizar as promessas” feitas nos últimos quatro anos, lamentando que, até ao momento, não tenha sido dada “uma palavra sobre o futuro destas instituições”.
O presidente da APG, César Nogueira, adiantou que há uma série de problemas na PSP e na GNR que estão por resolver, existindo “promessas por cumprir”, e esta ação, além de protesto tem também por objetivo “colocar na agenda política as forças de segurança”, uma vez que “pouco se sabe” sobre o que o atual Governo pretende para as polícias.
Nesse sentido, os polícias exigem que sejam feitas as alterações necessárias às tabelas remuneratórias da PSP e da GNR, “adequando os vencimentos de forma justa e adequada à função exercida por estes profissionais”.
“É inconcebível que um agente de autoridade ganhe apenas mais 100 euros do que o ordenado mínimo nacional”, sustentam a APG e a ASPP, avançando que é urgente também a atualização dos suplementos, criação do subsídio de risco, aplicação da lei que visa a fiscaliza das condições de saúde e segurança no trabalho.
Também o presidente da ASPP, Paulo Rodrigues, disse à agência de notícias “Lusa” que esta manifestação “é para obrigar o Governo a dizer o que pretende das forças de segurança”.
Segundo o sindicalista, nos últimos quatro anos foi “tempo de promessas e de estudos”, agora é altura de o Governo passar a ação.
O local da manifestação ainda está por decidir.
Movimento Zero clama união
O Movimento Zero, grupo informal de polícias nascido através das redes sociais, e que conta com mais de 40 mil utilizadores, já deixou o apelo a todos os elementos dos dois órgãos de polícia criminal para que participem nesta manifestação.
Embora independente em relação a organizações sindicais, este movimento vê como “oportuna” esta ação e deixa o apelo a todas as diferentes associações e sindicatos de polícia para que deixem de lado alguma animosidade e que se concentrem na união e na importância desta ação.